Eu finalmente me dei ao trabalho e prazer de ler a Divina
Comédia e dessa vez de uma forma contínua, porque eu já havia começado a
leitura há muito tempo, porém eu só tinha lido o primeiro volume do “Inferno”
que foi justamente o que eu acabei de reler. Então, eu vou fazer uma “opinião
pessoal” (não conseguiria fazer uma resenha) para cada parte do livro porque eu
jamais conseguiria dar uma visão completa condensando todos os cantos do livro
em duas páginas no máximo.
Eu posso dizer que apesar de a leitura ser muito difícil e
densa, também foi uma leitura muito agradável porque eu acabei descobrindo
coisas que nunca tinha escutado alguém comentar sobre o livro, mas aqui eu acho
que as pessoas citam o livro sem ter lido, então não sabem com detalhes as
partes mais legais da história.
(Além de a leitura ser intrigante, quem não tem curiosidade de
saber como seria o Inferno? Nénon?)
Começando pelo fato de que o início do livro é com Dante,
também nome do protagonista além do autor, perdido no meio de uma floresta
densa e escura e que tenta seguir um caminho, mas é impedido por uma pantera,
uma loba e um leão que não o deixam avançar, logo, o que sobra é uma montanha
que no cume parece ter uma luz e que caminhando em sua direção percebe um
homem, Virgílio, que aceita conduzi-lo para chegar até Beatriz, a amada de
Dante que está nos Céus. Conforme você vai lendo, antes de cada canto existe um
pequeno resumo que dá uma direção na leitura e também há muitas notas de
rodapés para melhorar o entendimento sobre as pessoas citadas na obra ou
algumas simbologias ou referência a livros ou mitos antigos. (Só para terem uma
ideia, no primeiro e segundo canto do Inferno, existem tantos simbolismos que
fica impossível falar de metade deles, mas que ao ler, a gente fica maravilhado
com tanta riqueza literária e criatividade.
Muito que bem. Dante pede a Virgílio para ser seu guia e ambos
vão para o Inferno e chegando à entrada tem aquela famosa citação:
"Vai-se por mim a cidade dolente, vai-se
por mim a sempiterna dor, vai-se por mim entre perdida gente.
Moveu Justiça o meu alto feitor, Fez-se a divina Potestade, mais. O
supremo Saber e o primo amor. Antes de mim não foi criado mais. Nada
senão eterno, e eterno eu duro. Deixai toda a esperança, ó vós que
entrais."
(está em verso, mas eu juntei literalmente as frases e separei com pontos)
Eles mesmo assim entram e precisam passar pelo
barqueiro Caronte que acha estranha ter alguém vivo ali, mas resolve levá-lo. E
por aí vai.... eu não vou ficar resumindo os nove círculos senão fica eterno
isso aqui, só que eu queria dizer que é muito imaginativo o “mundo” que o Dante
cria na sua obra e que de tão bizarro e simbólico não tem como não classificá-lo
de perfeito porque tudo é incrível.
Quando você chega tem o limbo ali logo na
entrada do Inferno em que as pessoas que não conheceram Jesus Cristo ou não
foram batizadas permanecem ali sem castigo físico, pois o seu castigo seria o
de esperar eternamente pela salvação que nunca chegaria. Indo para o segundo
círculo do Inferno, parece Minós que é um demônio que possui uma cauda grande e
que quando nos deparamos com ele, nós não conseguimos mentir e contamos todos
os nossos pecados e erros da vida e, conforme vamos contando, o rabo dele dá
voltas pelo corpo sendo que o total de voltas dadas seria o círculo que iríamos
ficar. INTERESSANTÍSSIMO isso!!! Mas isso é só uma mostra, espere até você ler
quais são os castigos para a gula, para os falsificadores, para os adivinhos
etc. Tem gente que é afundada em sangue fervente pelos demônios e queima eternamente;
outros são obrigados a correr com a cabeça invertida no sentido das costas e
são açoitados por demônios, alguns são picados por uma nuvem de vespas, tem
gente que fica comendo excremento humano etc. Precisam ler tudo com detalhes.
Mas o que ninguém imagina é que o Inferno para
Dante realmente é um mundo e tanto é que existe uma diversidade de realidades
de acordo com os círculos que você vai descendo, alguns têm cobras que ficam
picando os pecadores, outros são cheios de lama e as pessoas são imersas e mordidas
por Cérberus entre outras coisas. Há até um rio dentro do Inferno com outro
barqueiro que conduz as pessoas para uma cidade, que eles chamam de Cidade de
Dite (Cidade do Diabo) onde as pessoas enterradas ardem como fogo e no meio da
cidade tem um castelo de onde saem as Erínias para castigar os personagens e ao
chamar Medusa quase os transforma em pedra. Enfim, sou incapaz de colocar mais
detalhes porque senão ficaria muito verborrágica a minha opinião. Só gostaria
de comentar que o encontro entre Dante e o Diabo é bem passageiro e eu fiquei
morrendo de vontade de acontecer alguma coisa a mais ali, mas pela descrição
que é feita sobre o Diabo, seria melhor não acontecer nada porque é tensa a
coisa, sem contar que ele fica no último círculo, ali junto com os que traíram
alguém, ou seja, para Dante a traição seria o pior pecado cometido por um homem,
mas a visão de traição dele é bem ampla, isto é, até o fato de você tentar
separar um casal de sua relação amorosa seria considerado uma traição porque tu
negaria a amizade ou proximidade com a pessoa.
No final do Inferno, Dante e Virgílio saltam
por uma fenda que existe logo atrás do Diabo e chegam até o Purgatório que é a
sequência que estou lendo agora, mas não vou comentar nada e deixar para minha
próxima escrita sobre o livro.
POR FAVOR! Leiam esse livro porque não tem
como não se enriquecer pessoalmente depois da leitura disso, seja pelas
palavras, pela imaginação ou pela construção de frases tão bem feitas que fica
impactando nossa cabeça a cada segundo. Eu sei que o texto ficou corrido, mas
me perdoem porque era tanta coisa para escrever que eu acabei me afobando e
passando rapidamente por alguns pontos importantes. E.... eu não tenho críticas
sobre o livro, ele é o que é: essa maravilha que sobreviveu séculos até nós.
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