Talvez você não saiba, mas foi esse livro que inspirou aquele
seriado super assistido chamado “Lost” há uns tempos; só que mantenha a calma
porque é só inspiração mesmo, porque não tem muita coisa a ver a série e o
livro. Quando eu descobri esse livro eu estava lendo outro no momento e eu fiquei
em dúvida se começaria a ler “A invenção de Morel” assim que ele chegou em casa
ou se terminaria o outro livro primeiro... não tive dúvidas, a primeira coisa a
fazer foi começar e terminá-lo no mesmo dia porque se trata de um livro
curtinho, mas o que me chamou mais a atenção foi uma crítica que o Jorge Luís
Borges fez sobre essa “novela” ou “conto”, tanto faz...
No prólogo do livro, tem uma certa análise que o argentino
Borges faz sobre o texto e ele termina a sua crítica com a seguinte frase:
Discuti com seu autor os pormenores de sua trama, que acabo de reler; não me parece impreciso ou hiperbólico qualificá-la de perfeita.
MEU DEUS... o Borges fazendo uma crítica de um livro e
chamando-o de perfeito; na mesma hora eu senti uma vontade de saber tudo sobre
a história, personagens etc, apesar de o livro ter um pouco mais de 100
páginas. E realmente o livro é “bem bom” pela trama que ele instiga no leitor
que é a seguinte. Tem um homem venezuelano condenado à prisão, mas que consegue
escapar e descobre por meio de um mercador italiano sobre uma suposta ilha
deserta, porém muito bonita, onde quase ninguém passa por lá por causa de uma
lenda de que a ilha está contaminada com uma doença que mata as pessoas de fora
para dentro. Primeiro elas começam a perder a pele, as unhas saem, o cabelo cai
e, com o passar do tempo, a pessoa vai definhando até morrer. Tudo isso parece
bem assustador, mas como o protagonista da história já está condenado à prisão/morte,
ele resolve arriscar e chegar até essa ilha onde ele vive. A partir daí que
começa a trama e o suspense da história, pois quando ele chega à ilha, ele
percebe que existe um lugar construído-abandonado que ele chama de museu;
existem mantimentos, a ilha é muito bonita, ele estuda a maré da ilha e toda a
sua geografia. Passando um tempo, ele acaba vendo a figura de uma mulher bonita
no morro onde fica o museu e ele acha isso muito estranho e começa a observá-la,
e de tanto observá-la, ele se apaixona por ela.
Abrindo uma observação: aqui eu já duvidei da conclusão que
Borges dá ao livro de perfeito, uma vez que eu comecei a perceber certos
problemas narrativos nisso tudo. O fato de ele se apaixonar pela mulher não me
convenceu porque não é explicado e nem explorado o que levou esse homem a se
apaixonar por ela; no meu ponto de vista, pareceu algo meio jogado e pouco
aprofundado, então essa fixação que o protagonista sente pela tal garota
misteriosa da ilha começou a ficar fraco pra mim. O segundo problema foi que o
enredo trata de temas importantes para qualquer pessoa como a dicotomia entre
morte e vida, no entanto, esse tema é escrito de uma forma rasa na história,
como certas frases reflexivas que param no meio do caminho e não levam a lugar
nenhum, pois o autor volta à história. Foram essas quebras que acabaram me
deixando desgostoso com o tema, mas isso não invalida o livro porque ele é bem
interessante mesmo eu não gostando desses aspectos narrativos.
Voltando ao que interessa. O venezuelano se apaixona por essa
mulher da ilha até que ele percebe que ela não está sozinha, mas que existem
mais pessoas junto com ela, e uma delas se chama Morel, por quem ele nutre um
ciúmes por parecer que já se instalou uma disputa pela conquista de Faustine - a
garota apaixonante – (Venezuelano VS. Morel). Com o passar dos dias, existe uma
parte até de stalker com a Faustine, e o protagonista resolve observá-la quase
todo tempo, por outro lado, existe sempre aquele desejo de se aproximar dela e
tentar qualquer contato visual ou de conversa. Ele fica pensando e pensando que
isso poderia trazer problemas de chamarem a polícia, de assustá-la, ou seja lá
mais o que possa acontecer. Desse modo, ele resolve ficar escondido por um
tempo até que seu desejo não consegue mais ser freado e ele decide finalmente se
mostrar para Faustine. Certo dia ele vai atrás da mata da ilha próximo da parte
costeira onde ela sempre permanece por bastante tempo e resolve se mostrar. O
que acontece é que ele praticamente pula à frente dela, mas ela não esboça
nenhuma reação como se ele não estivesse ali, ou como se ela fosse cega, ou
algo parecido.
Depois dessa tentativa de aparição para Faustine é quando a
história chega ao clímax e, quanto mais lemos, ficamos nos perguntando a toda
hora o motivo de Faustine não tê-lo visto. Nessa hora passaram milhares de
alternativas na minha cabeça, mas nenhuma chegou a adivinhar o desfecho da
história. (Será que você consegue adivinhar o final do livro e o porquê
Faustine não o enxerga? Fica a dúvida.)
Para terminar minha impressão sobre o livro, eu queria dizer
que, a parte dos pontos fracos que eu mencionei acima, existem muitas coisas
fortes na escrita do Adolfo Casares que me cativaram. O livro é muito bem
escrito; a descrição da ilha é perfeita, fazendo com que eu conseguisse
imaginar fisicamente a sua topografia com detalhes; e, obviamente, a trama foi
o que mais me motivou na leitura. Recomendo o livro ainda mais por ser super
curto e um entretenimento muito gostoso para um domingo.
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