Último Turno, de Stephen King

Orgulhosamente, o Dose Literária traz o livro final da trilogia Bill Hodges, lançamento do "Rei do Terror e Sobrenatural". Quem mais poderia ser? Sim, ele mesmo: Stephen King. A Companhia das Letras, através do selo Suma de Letras, lançou os três volumes traduzidos no Brasil. 

"Último Turno" (original End of Watch, tradução de Regiane Winarski, págs. 344, 2016) derrama em cima do leitor os momentos finais da caçada ao "assassino do Mercedes", o já conhecido Brady Hartsfield. Depois de levar um pancadão de Holly Gibney quando estava prestes a explodir um auditório lotado de adolescentes, Brady vai parar em um hospital psiquiátrico. Sua condição não é das melhores: ele está em estado vegetativo.

Durante quase dois anos, Brady fica desacordado no hospital até que, aos poucos, recupera a consciência. Nesse meio tempo, o trio Bill Hodges, Holly e Jerome está às voltas com outro problema: um garoto precisa se livrar das garras de um bandido perigoso, fanático por um personagem literário. As vítimas do "assassino do Mercedes" estão com sequelas graves e o pai do adolescente enrascado é uma delas. Na tentativa de salvar a família, o bom menino se complica.

Após resolver mais essa pendência, Jerome vai estudar e trabalhar fora, enquanto Bill e Holly cuidam da empresa de detetive que eles montaram, a "Achados e Perdidos". Entre um caso e outro, a dupla se depara com o assassinato de uma vítima do Massacre do City Center. Uma mulher que ficou tetraplégica por causa da investida que Brady fez com o carro em meio à multidão é encontrada morta em casa. No mesmo lugar, sua mãe, uma senhora paciente e serena, é acusada de ter cometido o crime e se suicidado. Aos poucos, o número de suicídios aumenta e Bill e Holly começam a investigar a possível causa.

Depois que a irmã mais nova de Jerome tenta se matar, os detetives começam a fazer conexões com o assassino do Mercedes. Mas como ele poderia agir, se está trancafiado em um hospital psiquiátrico e, ainda por cima, em estado vegetativo? Em "Último Turno", King brinda os leitores com o toque que o catapultou para a fama: o terror sobrenatural. Entra em cena a capacidade telecinética de Brady e seu enorme poder de persuasão, a ponto de ser considerado o "príncipe do suicídio".

O enredo é emocionante e confirma, mais uma vez, o potencial do mastermind Stephen King em contar histórias. Com quebras e feedbacks, King torna possível para o leitor de primeira viagem iniciar a leitura pelo último livro da trilogia sem entrar em parafuso. Devo avisar, é claro, que ler os três livros na sequência é fundamental para entender os ganchos e emoções dos personagens.

Bill, por exemplo, já está mais velho e enfrenta um momento bem delicado. Uma lembrança que nunca se apaga completamente é a de uma perda forte que ele sofre no primeiro livro. Outro fato interessante é a evolução de Holly: de maníaca-compulsiva, misantropa e inacessível, Holly começa a reinventar a sua história. Para usufruir bem da trilogia, vale a leitura completa. 

Para os fãs e não fãs de King, a trilogia Bill Hodges não deixa a desejar. São livros que correm como fogo, intensos e cativantes. Desde o primeiro volume, você já consegue se sentir íntimo dos personagens, como se fossem velhos conhecidos. É ou não esse tipo de escrita uma espécie de feitiçaria?

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~ NOVIDADE ~

Para quem não estiver com tempo ou momento propício para ler a resenha na íntegra, o Dose Literária disponibiliza um áudio com as impressões da autora Mara Vanessa Torres sobre os três livros da trilogia. É um trabalho artesanal, simples e feito na própria casa da autora. A intenção é compartilhar, de várias formas possíveis, as opiniões, impressões e ideias que cercam o blog, além das últimas novidades.

Ouça o podcast sobre a trilogia Bill Hodges (clique aqui).


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