Caixa de Correio #12 - Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch

"A explosão, propriamente, eu não vi. Apenas as chamas, que iluminavam tudo... O céu inteiro... Chamas altíssimas. Fuligem. Um calor terrível". Esse fragmento está nas vinte primeiras páginas do livro "Vozes de Tchernóbil", da jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch. Fruto de mais uma parceria com a editora Companhia das Letras, a obra chega na 'Caixa de Correio' do Dose Literária de forma tortuosa, sacrificada, pingando dor, lembranças e sangue.

Svetlana Aleksiévitch, vencedora do prêmio Nobel de Literatura 2015, traz nessa crônica espinhosa relatos de soldados, operários, cientistas, viúvas e outras pessoas que sobreviveram ao maior acidente nuclear de toda a história, conhecido como a catástrofe de Chernobyl, ocorrido na Ucrânica em 1986. O número de vítimas continua incerto até hoje, 31 anos depois da tragédia. As autoridades soviéticas deixaram o povo à mercê da ignorância, ocultando as consequências devastadoras da explosão do reator nuclear. Pessoas foram expostas a um nível inimaginável de radiação, pois uma imensa quantidade de partículas radioativas foi lançada na URSS e em boa parte da Europa. Os resultados físicos e emocionais são como envenenar a própria alma. 

"Vozes de Tchernóbil" foi escrito em dez longos anos de entrevistas, pesquisas, coleta de dados e depoimentos. A autora, que não se considera jornalista e nem historiadora, disse em entrevista que não "escreve a história dos fatos, mas a história das almas".

E é essa história que o Dose Literária vai apresentar aqui nas próximas semanas.


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