Poliana, de Eleanor H. Porter

Eu tinha oito anos de idade quando ouvi pela primeira vez o nome da escritora norte-americana Eleanor H. Porter (1868 - 1920). Lembro de associar o nome da diretora do colégio em que estudava (Leonora) com o da autora, gerando confusão. Na época, minha mãe contou a história de Poliana em uma noite chuvosa. Eu e minha irmã ouvimos atentamente e nos impressionamos com aquela menina: quem poderia ficar contente com tudo? 

Perdi o interesse pelo enredo e segui vivendo. Dezoito anos depois da narrativa de minha mãe, fui presenteada com um exemplar de Poliana (original Pollyanna, tradução de Paulo Silveira, editora Saraiva de bolso, págs.160, 2011), começando a lê-lo no mês seguinte. A singela história é comovente: órfã de mãe e pai, Poliana é encaminhada para morar com a tia materna, a austera e rica Paulina Harrington. Colocando a obrigação acima de qualquer coisa - inclusive da própria vontade -, Paulina recebe a sobrinha com profundo desgosto. Ainda nos preparativos, solicita que a emprega instale a sobrinha no pior quarto da casa, sem qualquer conforto ou aconchego. 

Para a surpresa geral, a doce órfã de 11 anos chega em sua nova casa esbanjando simpatia, felicidade e calor humano. Sempre compartilhando com todos o  jogo do contente, brincadeira ensinada pelo pai antes de falecer, Poliana conquista um por um todos os moradores da cidade. Crianças de rua, velhos avarentos, mulheres ociosas e rabugentas são alguns dos tipos que chamam a atenção de Poliana. Até mesmo a fleumática tia Paulina se rende aos encantos da sobrinha. E apesar da pouca idade - talvez exatamente por isso -, a garotinha age e transforma.

Eleanor H. Porter criou uma personagem otimista, pronta para disseminar fé e esperança em corações racionais e frios demais. É uma obra interessante, entendida como "a capacidade de continuar acreditando". Como Poliana sugere:

" Em tudo há alguma coisa de bom. A questão é descobrir onde está".

Tarefa difícil. 

Em tempos como o nosso, Poliana soa como resistência ingênua, um ataque aos sentimentos pequenos e medíocres. A obra também ajudou a criar a expressão "Sonha, Poliana", dita quando alguém insiste em ver o lado bom de tudo, mesmo em situações devastadoras. 

O romance de Eleanor H. Porter não é profundo - e nem se atreve a ser. Considerado sucesso atemporal da autora, Poliana enlaça pela leveza, graça e simplicidade. A obra foi adaptada paras as telas do cinema mudo e também em versão de 1960.

Comentários

  1. Texto tão bem cuidado! Parabéns! Este blog está cada dia melhor de ler!

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  2. O nome da escritora e do livro não me soam estranhos, então é bem provável que eu já tenha ouvido falar sobre ele, mas sei que eu não fazia ideia do que se tratava hahaha
    Agora que já sei do que trata, admito que ele me chamou mais atenção do que eu esperava. Ando curtindo muito livros do gênero, mais calmos e reais, sem muita ação, e isso sem falar que esse me pareceu ser bastante doce <3
    Acho que lerei sim, irá para a minha lista, obrigada pela indicação! :)

    www.magoevidro.com.br

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  3. Pollyanna é muito fofo :3 nunca tinha pensando em ler mas um dia caiu na minha mão para tirar xerox na gráfica e quando vi, já tinha lido todinho. Um livro muito inocente, mas passa uma lição muito bonita ^^
    Ótima dica Marinha :*

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