Vamos falar de feminismo?

Gente, tudo bem com vocês?
Faz tempo que não apareço por aqui para falar das minhas leituras, né? Pois é, então já vou chegar falando sobre feminismo!
Calma gente, brincadeirinha! Não serei tão pretensiosa em tratar de um assunto que conheço tão pouco, mas o suficiente para indicar livros que podem abrir as suas mentes e expandir seus conhecimentos, assim como expandi os meus, não é mesmo? Em épocas de redes sociais em que todo mundo acha que tem “razão”, vale a pena sempre pesquisar e ler muito para entender os diversos questionamentos da humanidade.

A palavra feminismo nunca foi tão citada no Brasil após o último ENEM que abordou o tema “A persistência da violência contra a mulher” na redação e uma questão com uma citação do livro “O segundo sexo” da filosofa Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se”. Os dois livros que vou indicar podem ser essenciais para você que é tão leigo(a) quanto eu, entender e/ou conhecer sobre alguns momentos históricos em que as mulheres precisavam de voz, de representação e reconhecimento em sociedades completamente patriarcais. 

Paris - década de 30: bora queimar sutiã porque queremos votar!
Para falar dos livros “A Sujeição das Mulheres” e “Sejamos todos feministas” é preciso ressaltar que foram escritos em contextos, épocas, lugares e pessoas diferentes. Cada um com sua peculiaridade: um filósofo europeu relatando e defendendo o direito das mulheres ao voto no século XIX e uma escritora africana e negra relatando sua realidade e sua vida em seu país nos tempos atuais. 

Um homem pró-feminismo



A Sujeição das Mulheres é um ensaio de 140 páginas publicado em 1869 e uma das obras mais importantes do filósofo inglês John Stuart Mill. Conheci um pouco sobre sua linha de pensamento através do livro do professor Nigel Warburton, “Uma Breve História da Filosofia” publicado pela editora L&PM. Nigel cita que Mill já era considerado um radical de sua época na área do feminismo.

“Algumas pessoas que o cercavam diziam que as mulheres eram naturalmente inferiores aos homens. Ele questionava como era possível afirmar isso quando as mulheres quase sempre foram proibidas de atingir todo o seu potencial: elas eram mantidas afastadas da educação superior e de muitas profissões. Acima de tudo, Mill queria uma maior igualdade entre os sexos.” - Nigel Warburton

Pude constatar essas e mais outras observações fantásticas que Stuart Mill faz em defesa da igualdade das mulheres, onde elas não tinham direito de votar e muito menos tomar decisões referentes às suas próprias vidas. O ensaio é dividido em quatro capítulos nos quais o filósofo discorre sobre aspectos físicos, psicológicos, profissionais e sociais do papel das mulheres do século XIX com argumentos coerentes e claros de que as mulheres não são inferiores e sim, diferentes dos homens.
No capítulo em que comenta sobre trabalho e artes, Stuart faz uma observação quanto às mulheres na literatura que me fez lembrar da escritora Jane Austen sua quase contemporânea e me instigou a conhecer as obras de Madame de Staël.

“Somente recentemente as mulheres foram qualificadas por realizações literárias e a sociedade permitiu que elas contassem algo ao público em geral. Mas poucas ousaram contar qualquer coisa que os homens de quem depende seu sucesso literário, estivessem desejosos de ouvir. A maior parte do que as mulheres escrevem sobre as próprias mulheres é mera bajulação aos homens.” - Stuart Mill

Gostaria de falar mais sobre esse livro futuramente, vou rele-lo porque vale a pena.

Por que ser feminista?


Conheci o livro da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie através do Google Play Livros. O título publicado pela editora Companhia das Letras chamou minha atenção: Sejamos todos feministas.

É um livro curtinho de 24 páginas e que você pode baixa-lo gratuitamente pelo aplicativo do Google, porque na verdade este pequeno livro é a versão modificada de uma palestra que Chimamanda deu em dezembro de 2012 no TEDxEuston.

Chimamanda relata sua vida enquanto mulher em seu país e os “preconceitos” que passou na infância à idade adulta mesmo como uma professora e escritora renomada. É difícil imaginar que ainda existam lugares que tratem as mulheres como inferiores aos homens e ainda mais difícil saber que a maioria dos lugares do mundo possuem conceitos e cultura estritamente patriarcal. Só uma observação: nosso país está incluído, viu?
É com esses relatos que ela nos leva a reflexão do porquê precisamos ser feministas: para termos a consciência de que mesmo com tantos direitos conquistados ao longo dos anos, ainda temos muito que conquistar e que os homens precisam dessa consciência também.

“Sempre que vou acompanhada a um restaurante nigeriano, o garçom cumprimenta o homem e me ignora. Os garçons são produto de uma sociedade onde se aprende que os homens são mais importantes do que as mulheres, e sei que eles não fazem por mal – mas há um abismo entre entender uma coisa racionalmente e entender a mesma coisa emocionalmente. Toda vez que eles me ignoram, eu me sinto invisível. Fico chateada. Quero dizer a eles que sou tão humana quanto um homem e digna de ser cumprimentada. Sei que são apenas detalhes, mas são os detalhes que mais incomodam.” - Chimamanda

Será que já dá para mudarmos nossos “pré-conceitos” a respeito de uma palavra? Eu não sei vocês, mas esse assunto atraiu demais a minha atenção e espero ler mais livros a respeito. Algum para indicar? Gostaram das dicas? O que vocês acharam?

Plus: Biografia Stuart Mill, Site e Vídeo de Chimamanda Adichie

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