Bem, acabei de concluir a leitura de A garota que tinha medo e resolvi escrever minhas impressões sobre a leitura a fim de compartilhar com vocês o que o livro me trouxe... Publicado pela Chiado Editora, A menina que tinha medo me foi oferecido em cortesia por parte do autor Breno Melo...
A história é narrada em primeira pessoa e parece que Marina, a protagonista da história, conta para o leitor uma etapa importante e ao mesmo tempo difícil de sua vida. Marina vivia sobre pressão da mãe, que queria que ela fizesse vários vestibulares, e ingressasse numa universidade. Marina é do tipo de garota que se cobra demais, que não mede esforços para batalhar por sua vida e consegue ingressar na faculdade. Apesar da relação difícil com a mãe, seu pai a trata com mais afeto.
Eis que um dia Marina se sente mal, e começa a gritar desesperada, mas ninguém - nem ela mesma - saberia explicar o porquê. Marina logo descobre seu problema, depois de idas e vindas ao médico e de uma bateria de exames: ela sofre de Síndrome do Pânico. Com isso, seu namorado a abandona, ela perde a vontade de frequentar a faculdade, seus amigos se afastam, pois a julgam como louca. Não deve ser fácil conviver com esse problema, ainda mais com o preconceito que ele gera por causa da ignorância das pessoas, que acham que Marina tem 'frescura' ou que é insana. Marina é uma garota como qualquer outra, com seus anseios de uma recém-saída da adolescência, a descoberta do amor e outras características de alguém com seus 18/20 e poucos anos. Mas ela sofre de síndrome do pânico, ela precisa se adaptar a outra realidade e a uma nova condição de vida...
O livros se divide em seis partes, que vão desde o 'Pequeno inferno alegre' até a cura. Ao longo dos capítulos, vemos o sofrimento de Marina em ser aceita com suas condições, presenciamos o preconceito de pessoas que se diziam suas amigas. A própria garota se sente perdida, frustrada, apavorada. ela teme morrer por não conseguir respirar quando tem um ataque. Ela se sente triste por achar que não vai terminar o curso de jornalismo. ela vê sua vida sexual/amorosa ir pelos ares. É apenas com muita paciência e encarando seu problema de frente que Marina consegue superar os obstáculos iniciais e passa a conviver com a síndrome sem maiores tropeços...
A meu ver, o livro é bem fluído, terminei em apenas um dia. São 280 páginas que passam voando, tal a sutileza do autor em tratar do tema. De forma espontânea, ele vai contando os aspectos da doença sem soar didático. Os personagens são bem construídos. A história é ambientada em Assunção, no Paraguai. Confesso que tive muito ódio de Júlio e de Joana - namorado e amiga de Marina - por razões que não vou expor aqui a fim de não soltar spoiler. Algo que me deixou triste foi o desfecho de Péqui, alguém muito próxima da protagonista...
A única coisa que não me agradou muito é que achei que o processo de recuperação de Marina poderia ter sido mais desenvolvido, em relação ao emprego que ela consegue e afins... Achei meio rápido esse desenrolar da trama, mas afora isso, o livro é essencial para aqueles que buscam saber mais a respeito da síndrome do pânico, para aqueles que gostam de uma narrativa que soa como um bate-papo intenso e que queiram passar algumas horas se deleitando com uma leitura interessante... Quanto ao trabalho de diagramação da editora, não encontrei falhas...
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