A galinha degolada e outros contos, de Horacio Quiroga

Tive uma grata surpresa ao me deparar com o livro A galinha degolada, do escritor uruguaio Horacio Quiroga -  em mãos... Só pela capa o livro já me atraiu e após o flerte inicial, pausei três leituras para conhecer Quiroga. Bem como a pessoa que me emprestou o livro falou, o livro tinha todos os requisitos para ser um dos meus preferidos da vida. E foi...


A escrita de Horacio Quiroga contém elementos de horror psicológico, narrados de maneira a deixar o leitor prendendo a respiração até as últimas linhas. A cada trecho de alguns contos, eu arregalava os olhos, tal a surpresa que os desfechos das histórias me proporcionavam... Ao findar o conto que dá nome ao livro, senti um misto de perplexidade absurda, como se o mundo ao meu redor houvesse parado de respirar junto comigo... Trata-se de um casal apaixonado que tem 4 filhos 'defeituosos' e ao nascer uma linda menina, após o medo dela se tornar igual aos irmãos, passa a ser mimada e cercada de cuidados. Os irmãos são descritos como verdadeiros retardados, e a narrativa conduz o leitor para uma seqüência de fatos fora do comum, beirando o bizarro... Não posso soltar tudo pois o leitor precisa desvendar as linhas do autor por si mesmo, mas garanto que a história acaba de forma violenta e cruel... Finalizando o conto, entende-se o título dado a ele...

Para abrir o livro, temos o conto O travesseiro de penas, que foi o contado inicial que desencadeou a paixão pelo escritor uruguaio. Achei que se tratava de um conto vampírico ou algo do tipo, mas ele me deixou com ar de confusão, sem saber o que esperar depois daquilo, no restante da obra... Curto e denso...

O solitário mostra a vida de um marido que se sacrifica ao máximo para satisfazer os desejos de sua esposa, mulher interesseira e egoísta, que não reconhece o esforço do marido em sempre lhe agradar. A história vai se desenrolando até culminar num ato de vingança...

O espectro também foi outro conto que me deixou absorta, pois fala de um casal pouco conveniente, que se encontra unido pelos laços da morte, e o homem narra o episódio que os deixou naquele estado de fantasmas... 

O mel silvestre fala sobre um homem que encontra um triste fim na doçura do mel e para finalizar, o conto que menos me agradou da compilação: A câmara escura. Não por ser ruim, mas por ter gostado mais dos anteriores... Fala sobre um homem que se encontra com o olhar de um morto, e precisa encará-lo novamente, mesmo sabendo que ele já está enterrado... 

Não há como me aprofundar nos contos sem deixar transparecer o elemento surpresa deles. É necessário ler para entendê-los e sentir o quanto Quiroga fazia bom uso das palavras. Ele não utiliza cenários prontos típicos de livros nessa linha de horror gótico sobrenatural, mas consegue trazer o medo por meio de cenários pouco convencionais para esses propósitos e mexe mais com a psique humana dos personagens para trazer medo e assombro ao leitor...

Na segunda parte do livro, estão escritos textos biográficos de algumas figuras importantes para Quiroga, tais como Louis Pasteur, Lope de AguirreThomas de QuinceyRichard WagnerCondorcet e até Edgar Allan Poe.

A vida de Horacio Quiroga foi envolta em tragédias, pois perdeu seu pai ainda na tenra infância,  seu padrasto se suicidou, a primeira esposa e seus três filhos também ceifaram as próprias vidas... O próprio, ao descobrir que era acometido de câncer, veio a se matar, tomando uma dose fatal de cianureto, no ano de 1937... Ele nasceu em 1879, na cidade de Salto, no Uruguai, vindo a falecer em Buenos Aires. Escreveu dezenas de contos, e seu livro mais famoso é intitulado Cuentos de amor de locura y de muerte. 





Em suma, Horacio Quiroga já garantiu um lugar mais que especial em meu coração, e espero que logo possa ocupar um espaço em minha estante de livros, de preferência com tudo que foi publicado dele aqui no Brasil... Espero que tenham curtido a resenha... Conheciam o autor? Já leram algo ou pretendem ler? Me falem nos comentários... ^.~

Comentários

  1. Do Quiroga também li uma pequena coletânea mas no caso a minha era contos de amor, loucura e morte. Esse conto da galinha degolada estava nele também e tenho que dizer que é bizarro de tão bom rs

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