A estrada da noite, de Joe Hill

Judas Coyne, também conhecido como Jude, é um roqueiro cinquentão fascinado por objetos macabros - laço usado em enforcamento, fita de vídeo com cenas reais de assassinato, livro de receitas canibais e daí para frente - e amante de jovens góticas. Traumatizado por um pai violento, uma mãe submissa e as lembranças de uma esquecida fazenda, Jude sai de casa antes de fazer dezoito anos e parte em busca do seu sonho: ser um grande músico. Até aí, nada muito fora do roteiro.

O famoso headbanger só não contava com o trabalhoso pesadelo em que sua vida se transforma depois que uma de suas excêntricas aquisições decide persegui-lo e arrastá-lo para o inferno. O objeto em questão é um paletó supostamente assombrado pelo seu antigo dono, o reverendo Craddock McDermott, padrasto de uma ex-namorada de Jude que cometeu suicídio após o fim do relacionamento.

Mesmo com a vida desequilibrada - o roqueiro perdeu a ex-mulher, dois companheiros de banda e ainda vive às voltas com amores estragados -, Jude precisa salvar a si mesmo da perseguição do fantasma, que não desiste de fazê-lo sofrer cada mínima tortura. Como se já não fosse o suficiente, o guitarrista precisa salvar a jovem Geórgia, beldade gótica com quem está envolvido.

Esse é o enredo de "A Estrada da Noite" (original Heart-Sheaped Box - exatamente como a famosa música do Nirvana -, tradução de Mário Molina, editora Sextante, 2007, págs. 320), livro de Joe Hill, pseudônimo de Joseph Hillstrom King. Nascido em 1972, Joe é filho do lendário Stephen King - nome que dispensa maiores comentários. 

Joe Hill: Qualquer semelhança com Stephen King... Bem, não é mera coincidência.

A Estrada da Noite tem uma narrativa fluente, boas referências e aposta na fantasia sobrenatural, tomada por espectros raivosos. A pegada de Stephen King influencia positivamente a obra de Joe, mas sem ofuscar a identidade do autor. Você sente rastros conhecidos, mas sabe que eles obedecem a outro senhor. Uma boa pedida para quem gosta de nadar nas praias do sobrenatural - mas sem ter pedaços arrancados.

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Plus:

Leia também a resenha da Tam (amiga super querida).

Confira entrevista com Joe Hill em que ele fala sobre A Estrada da Noite (somente em inglês).


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