No coração da floresta, de Edgard Telles Ribeiro

Finalizei recentemente a leitura de "No coração da floresta", coletânea de contos do diplomata Edgard Telles Ribeiro (editora Record, 2000, págs. 242). São mais de vinte contos onde a experiência como diplomata ajudou a fortalecer as histórias, seja por vivência, tradição oral ou união dos dois fatores. 

Destaque para 'Sabor', com a história do africano que, oriundo de tradição canibal, é o escolhido para transportar um alto comissário da ONU. Uma mistura de cultura e expectativas puxa o fio da trama; 'Rosebud' e o estreito fascínio entre luxúria e loucura, onde uma mulher nua no jardim de casa desperta desejos inconfessáveis; o interessante 'Curva do Rio', com a rica história do jovem sonhador Pedro Magro e seu desejo de voar; 'Alaúde', uma brincadeira entre memória, presente e déjà vu; o amor secreto de um padre em confissão no conto 'Devoção' e o sensacional homônimo 'No coração da floresta', em que passados e rostos escondem segredos que nem desconfiamos. 

As histórias são agradáveis, mas a linguagem está com o toque entrelaçado e estilo 'passeio no labirinto' que tanto percebemos em material jurídico e burocrático. As ações das personagens, seus pensamentos e sentimentos são frequentemente justificados pelo narrador, o que acaba tirando um pouco o brilho da descoberta. De resto, você vai encontrar boas ideias espalhadas pela coletânea.


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