Frankenstein


Hoje fazem exatos 197 anos que o livro Frankenstein, da autora Mary Shelley foi publicado. Em 1818, foi o ano em que essa obra-prima da literatura de horror universal surgiu, para meu delírio, claro... Minha edição é da Editora Martin Claret, e apesar da capa não ser lá essa maravilha da natureza, gosto bastante dele, pois o comprei porque seria uma leitura para faculdade, numa cadeira eletiva, e também porque era louca pra conhecer a história...

Quem me conhece sabe que tenho certa 'quedinha' por criaturas/pessoas marginalizadas e/ou grotescas [Leia-se Quasímodo, O homem que ri, Freaks, e por aí vai...]. Então, resolvi fazer um trabalho de apresentação com a temática de monstros nessa cadeira eletiva que paguei, e em outra ocasião falarei disso, mas por hora vamos nos concentrar em Mary Shelley.

A história é sobre o dr. Frankenstein, que em sua sede de ambição, pretende dar vida a um corpo morto. Alucinado em suas pesquisas, se isola da família e vai morar num local afastado, onde começa a roubar pedaços de cadáveres no cemitério para formar o corpo da Criatura, costurando os pedaços. Por ironia do destino, sua experiência bizarra dá certo e logo ele se vê frente a frente com sua criação, uma criatura grotesca e monstruosa, cheia de remendos, e que aparentemente não tem inteligência. Desesperado e horrorizado com o que fez, o médico parte dali deixando para trás seu experimento. O problema é que o experimento' está confuso, se sente abandonado por seu Criador e resolve partir pelo mundo em sua procura, a fim de questionar-lhe sobre o motivo de ter sido deixado para trás...

Durante seu percurso, a Criatura [que erroneamente chamam de Frankenstein quando na verdade esse é o sobrenome de Victor, o médico - e ele próprio não possui um nome, sendo mencionado em todo o livro como simplesmente 'a Criatura'], vai se deparando com o mundo inteiro e toda a beleza e crueldade que existem nele. As pessoas que o veem fogem assustadas. Ele se indaga sobre o porquê de afugentar as pessoas, já que não faz mal nenhum pra elas. Numa dessas paragens, passa um tempo numa casa onde há um cego, que parece ser o único amigo que ele encontra durante a viagem. Ele aprende a ler, e entre as obras que lhe chegam às mãos, está o livro Paraíso perdido, de John Milton. Seria uma espécie de alusão à Criação e Criador... Crítica de cunho religioso sobre a criação do homem e sua 'queda'.

Durante a jornada em busca de Victor, infelizmente a Criatura acaba perdendo sua 'bondade' e vai sucumbindo à tristeza e raiva de ter sido rejeitado. Então ele resolve se vingar de seu Criador, matando todos a quem ele ama... Ele não poupa nem crianças... 

A narrativa se dá através de cartas que são escritas por um capitão chamado Robert Walton que descobre a história quando está a bordo de seu navio rumo ao pólo norte e seus homens avistam a Criatura num trenó. Pouco depois ele encontra num bote o dr. Frankenstein, que passa a lhe contar sobre o infortúnio que se abateu em sua vida e família desde que criou o monstro e ele se vingou matando os seus parentes... Então o capitão escreve à irmã contando toda a história...

Um fato interessante sobre o livro é a maneira como Shelley fazia críticas a sociedade em sua época. A própria questão da criação, quando o cientista tenta ser 'Deus' e pretende dar vida a algo morto, é parte desse processo de crítica. Na época em que foi lançado, o mundo se encontrava em processo de modernização, a ciência ganhava mais adeptos e descobertas foram feitas. Tudo em nome do progresso. A ética também é descrita na obra; um exemplo bem claro é na morte do irmão de Victor, em que a empregada que cuidava do menino é acusada da morte dele, e mesmo Victor sabendo de sua inocência, deixa a pobre mulher ser condenada à morte, pois sabia que se descobrissem que foi o monstro que ele criou que cometeu o crime, ele é quem seria punido. Ele preferiu ver uma inocente pagar por seu ato irresponsável, a fim de se safar da pena. 



Ao longo do tempo, a Criatura ganha 'experiência' e discernimento. E quando finalmente consegue alcançar o doutor, exige que ele faça uma companheira pra ele, a fim de suportar melhor a solidão, em virtude de ninguém querer sua companhia. A Criatura sofre com o peso de ser diferente' dos demais seres, ela é marginalizada pelo mundo por sua aparência que não se enquadrava nos 'moldes adequados'. Isso nos coloca em reflexão, sobre nós mesmos, e em quantas vezes somos desprezados e rejeitados por ter um pensamento, ideal ou aparência que não se encaixam naquilo que é considerado perfeito. Por último, mas não menos importante, percebam na leitura de narrativa maravilhosa - diga-se de passagem - o aspecto da dualidade e do ser que se corrompe ao conhecer o pior que a natureza tem a nos oferecer. A transição do monstro se tornando um ser possuidor de pensamentos vis e aterrorizantes, e em que aspectos essa condição lhe foi gerada - o mal do mundo converteu a Criatura, transformando-a realmente num monstro assassino, quando antes era um ser bom, apesar de grotesco... é sobre a queda do indivíduo.

Existem várias adaptações do livro para o cinema, e a mais famosa é a que Boris Karloff dá vida ao personagem monstro. Posteriormente deram uma companheira para ele, num filme chamado A noiva de Frankenstein. 



Em suma, o livro faz com que analisemos diversos aspectos diferentes e que podemos encaixar em nosso próprio cotidiano. Quem nunca se sentiu em algum momento como a Criatura de Frankenstein que atire a primeira pedra...



Mary Shelley era filha do poeta William Godwin e casou-se com Percy Shelley, tendo criado a história numa noite de tempestade, num encontro com seus amigos, entre eles o poeta Lord Byron... O que era pra ser apenas um conto criado numa simples brincadeira, se tornou um clássico da literatura mundial, e um clássico indispensável na lista de livros para se ler antes de morrer, de qualquer leitor que se preze... 

Até a próxima, pessoal. Espero que tenham curtido a resenha... 

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