Comentar o livro de um
escritor que conhecemos é muito difícil.
![]() |
Adorei seu Livro! |
O que pensará o autor,
quando aquele aspecto da obra que ele tanto se esforçou para produzir não for
bem recebido? Terá ele vontade de desqualificar o crítico com um sonoro: “BAH!
Você não entendeu nada!”? O que sentirá aquele parceiro do blog, que nos presenteou
com seu livro para vê-lo divulgado, e agora vê que desestimulamos seus
potenciais leitores?
Quando comecei a
escrever as resenhas no Dose Literária, sempre soube que as pessoas não querem
um resumo da obra – algo que só serviria como “spoiler”. A expectativa do
leitor, penso, é por uma opinião! O que tem de legal neste livro? O que poderia
ser melhor? Vale a pena tentar obtê-lo e dedicar tempo a ele? É importante
falar do polêmico – daquilo que agradou ou desagradou de maneira mais marcante.
São esses detalhes que criam interesse, que atraem o leitor. São esses aspectos
que estimulam a leitura, que acho que é no fundo o nosso papel mais nobre aqui.
Escrever expõe o autor.
Para fazer algo realmente original, é importante ir fundo na alma, e com isso colocar
para fora várias de nossas conclusões e ideias de mundo. A essas ideias
originais, soma-se a técnica, e o trabalho de revisão. Como dar fluência às
ideias, como prender o suspense, como desenhar cenários e personagens e
direcionar o olhar da mente do leitor – são todas coisas difíceis de fazer, que
fazem o ato de escrever tão instigante.
![]() |
"Eu quero qualquer coisa que ele ousar me servir!" |
Se são nossas ideias,
podemos nos levantar por elas, acreditar em seu valor e lutar para defende-las,
mas é sempre doloroso vê-las pisoteadas por críticas. É duro quando alguém
mostra um furo em nossas roupas. Expostas nas páginas, nossas particulares
opiniões sobre o mundo ficam ali, nuas, apresentadas para que as pessoas gostem
ou não. E como toda a leitura, haverá aqueles que se identificarão de pronto
com o conteúdo, e outros cuja estrutura mental se distanciará de nossas ideias,
como polos magnéticos iguais.
Num certo sentido, é
muito mais fácil falar de um autor que já morreu, ou que é tão famoso que não
vai aparecer por aqui e nos confrontar. Desses seres de mármore nós podemos
falar despudoradamente do que gostamos ou não, ou sobre modismos que despontam
em tons de cinza ou em séries intermináveis que vendem um monte de exemplares.
Nossa opinião não precisa ser unanime. Ela interessa aos leitores, e cabe a eles
ressoar em favor ou contra a maneira
como essas obras nos tocaram.
No caso de autores
mais “mortais”, no entanto, desperta aquele cuidado. Temos, claro, o
compromisso com nossos leitores, mas também o de não sermos desestimulantes com
os novos talentos. O feedback não
representa a verdade, mas apenas como aquela determinada obra nos impactou.
Está sujeito a toda sorte de percalços nesta interpretação, como nosso apreço
ou rejeição ao estilo, nosso grau de conhecimento sobre o tema abordado, nosso
histórico de vida e leituras. O fato de não termos gostado de um livro quer
dizer apenas isso – que não gostamos dele – e não que ele seja ruim e não
mereça apreciação por outros.
Talvez seja um pudor
excessivo, mas o sinto por me colocar nos sapatos de escritor. Também eu tenho
minhas crias ao sol, tentando seu espaço. As companheiras do blog, felizmente
têm me poupado de uma análise esmiuçada de meu romance “Aprendi a me Amar”, não
sei por quanto tempo. Pessoalmente, acho-o leve e singelo – com trechos
bonitos, com mensagens válidas. Também enxergo nele minha inexperiência, desde
alguns trechos muito simples, até todo o processo para sua publicação. Enfim, é
preciso começar de algum lugar, mas se recebermos uma paulada logo ao tirar a
cabeça da toca, pode faltar coragem para uma nova tentativa.
Podemos aqui destacar
pontos fortes e fracos, mas isto nunca deveria ser visto como um desestimulo
aos autores. É certo que escrever é um ato de coragem. Atos de coragem têm sempre valor.
Comentários
Postar um comentário
Bem vindo(a) ao Dose Literária.
Agradecemos seu comentário e tentaremos responde-lo assim que possível ;)