Bem, vamos a mais uma resenha literária, e dessa vez venho falar sobre o lançamento de março da Ed. Novo Conceito, A filha do louco, da autora americana Megan Shepherd. No começo a leitura foi um pouco arrastada.e eu demorei para me conectar com a personagem Juliet, uma garota de 16 anos, que após ter perdido sua mãe, passou a trabalhar como faxineira para sobreviver em Londres. Sozinha no mundo, Juliet desconhecia o paradeiro de seu pai, outrora um médico famoso na cidade, mas que devido a escândalos por sua conduta de experiências bizarras com animais, acabou fugindo da cidade, e do qual Juliet não sabia se estava vivo ou morto.

Depois de várias semanas no mar, enfrentando vários perigos, o navio que os transportava para uma longínqua ilha no Pacífico encontra um náufrago, e ele acaba indo parar na ilha do Dr. Moreau [pai de Juliet]. A chegada desse naufrago [Edward] à ilha foi hostil por parte do médico, mas no fim das contas, ele permite sua estadia na ilha até ser resgatado por algum navio...
Edward é cheio de mistérios. Ninguém sabe sobre sua vida, pois ele foi muito vago ao contar sobre si mesmo quando foi resgatado. E logo o leitor se depara com um dilema novo para a protagonista: surge um triângulo amoroso entre ela, Edward e Montgomery. E Juliet passa o tempo inteiro no livro dividida entre os dois rapazes. Confesso que em alguns momentos importantes da trama, envolvendo os nativos transformados e o perigo que os ronda, essas dúvidas amorosas da garota acabaram me cansando...
Em paralelo, temos o enfoque principal da narrativa, quando Juliet descobre a verdadeira natureza insana de seu pai, que realmente fazia experimentos com os animais da ilha, transformando-os em humanos. Mas logo ela percebe que esse projeto pode sair do controle do Dr. Moreau, depois de descobrir que uma das criaturas violou o pacto de 'não matar um ser vivo nem se alimentar deles...'
Minha impressão sobre o livro é que apesar do começo ter sido arrastado, mais a frente ele se revela um suspense aterrador, que prende a atenção de quem lê até a última página. De forma gradual, a trama se desenvolve de maneira frenética, alternando a dificuldade de Juliet em decidir-se por seu par perfeito, e sobre o dia-a-dia na ilha, que se mostra perigosa e selvagem a cada momento. Juliet precisa dar um jeito de fugir dali antes que o 'monstro' que está matando os nativos chegue até ela...
Outro ponto importante a ressaltar é a insanidade do Dr. Moreau. Ele brinca de ser deus, sua megalomania chega ao ponto de tratar a filha e os demais habitantes da ilha como meros experimentos científicos. Arrogante e bruto, destrata Montgomery porque ele não passa de um 'criado', quer que Juliet se case com Edward, porque segundo ele contou, pertence a uma família nobre, embora não haja ninguém que comprove isso... Autoritário, não permite que sua filha se envolva com o 'criado', seu fiel assistente por longos anos naquela ilha, e que guarda seus segredos mais infames.
A ambientação da obra é bem sombria, mas o desfecho deixa um pouco a desejar. Acabei prevendo alguns acontecimentos e não me foi surpresa quando cheguei ao final. Mas, por se tratar do primeiro livro de uma série, percebe-se que esse final é um gancho para o próximo livro, que eu não faço ideia de quando será lançado no Brasil. Em suma, é uma leitura que pode agradar os leitores que curtem uma trama meio científica, com pitadas de horror psicológico [caso você não se importe de misturar tal trama com um romance...]
Sobre a diagramação, o livro é bem-feito. Não encontrei erros ortográficos e a capa é bem bonita, além das páginas possuírem uma fonte adequada para a leitura...
P.s: A autora se inspirou na obra A ilha do Dr. Moreau, do escritor H. G. Wells para criar seu livro.
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