Ela e outras Mulheres, de Rubem Fonseca

Quando eu penso em uma palavra para definir a escrita de Rubem Fonseca só me vem essa: visceral. Porque é assim mesmo que podem ser definidos os seus textos. 
O autor não poupa palavras, é intenso, profundo, direto como um soco na cara. Em Ela e outras Mulheres não dava para ser diferente.
Conheci esse livro totalmente ao acaso por volta de 2008 em uma das minhas visitas a biblioteca, lembro bem que quando tirei o livro da estante e fiquei observando sua capa (de um verde limão berrante) a bibliotecária olhou pra mim e disse que não sabia se esse livro era "próprio" para mim, pois era muito "picante"...acho que com isso ela só conseguiu atiçar minha curiosidade e me provar que não tinha ideia do que gosto de ler (risos).
No primeiro conto "Alice" já vi que o livro prometia. É um conto estranho e curioso sobre um garoto que não consegue ir bem nos estudos e não lê direto devido a gagueira, daí os pais contratam uma professora particular que consegue "curar" o garoto da noite para o dia e o menino muda tanto que passa até a ler por diversão...porém o método dela é bem duvidoso.
No livro são ao todo 27 contos ao longo de 176 páginas, ou seja, um livro para ler de uma sentada só. Cada conto possui o nome de uma mulher e vai de A a Z.
São história de amor, ódio, violência, sexo, paranóias, desilusões. São contos sobre pessoas comuns porém em situações nada normais. Podem ser narrados por homens e a maioria deles são protagonizados por eles, mas o que recheia as histórias, são mulheres: boas, más, inocentes, devassas, bonitas, feias. Mulheres que marcam de alguma forma a vida desses homens.
Meus contos preferidos foram: Alice, Belinha (esse é in-crí-vel), Guiomar (e talvez tenham muitos outros, mas só recordaria relendo).
Enfim, um livro incrível, curto e inesquecível como só Rubem Fonseca poderia escrever.

"Quanto a mim, o que me mantém vivo é o risco iminente da paixão e seus coadjuvantes, amor, ódio, gozo, misericórdia".  (Rubem Fonseca)

Comentários

  1. poxa, fiquei doidinha aqui pra ler esse livro. Nunca li nada dele, infelizmente :(
    E eu amo contos. Legal esse lance dos nomes de A a Z. Eu queeeero, Tama rsrs
    bjs

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    1. Val, o Rubem Fonseca é daqueles autores que faz você morrer defendendo os autores brasileiros daqueles idiotas que dizem que aqui não tem bons escritores ;)

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  2. Taí um autor que só conheço de nome. Sempre vejo seus livros por aí, mas não sei ao certo por qual começar. Gostei desse de contos. Acho que pode ser ideal para um primeiro contato. Dica anotada ;)
    bjo

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    1. Olá Michelle ^^ que bacana você por aqui!

      E já que conhece tanto de nome dá pra ter ideia que ou é muito bom ou muito ruim, né? Nesse caso é ótimo!
      E acho uma ótima ideia começar por esse porque foi o que comecei e desde então não parei mais.

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  3. Tivemos Rubem Fonseca em um dos nossos extintos "livros em pauta" e foi daí que o conheci por "Feliz Ano Novo". Estou com "A grande Arte" para ler, vamos ver se esse ano ainda sai. Estou curiosa para ler este também :)

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  4. Este foi o primeiro livro do Rubem Fonseca que li. Já me apaixonei logo de cara e em seguida li mais 4 livros deste espetacular narrador.
    Tenho ainda mais quatro dele na minha estante para ler, inclusive o A Grande Arte que está entre os 1001 Livros Para Ler Antes de Morrer. Um dia ainda completo minha coleção de Rubem Fonseca. :)
    Na minha opinião, é um dos melhores escritores da literatura nacional contemporânea, vale a pena e recomendo à todos que gostem de uma linguagem mais crua, sem enfeites.
    Ótima resenha, Tam.

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  5. Do Rubem Fonseca, só li Feliz ano novo. Gostei muito, mas como o mundo da literatura é tirânico jogando na sua cara a todo momento livros sensacionais aos montes, não li outro. Seu texto me inspirou, minha próxima leitura será uma retomada dele. xD

    Se você gosta de contos picantes, recomendo outro escritor brasileiro muito bom: Dalton Trevisan. Os contos do O vampiro de Curitiba são uma delícia. Além do mais, é um contraponto de estilos meio que paradoxal. A linguagem de ambos são econômicas, mas Trevisan está longe de aplicar o ultra realismo visceral do Fonseca. Ele é um autor bem mais sútil, e igualmente talentoso.

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    1. ah, eu curto demais Dalton Trevisan. Muito boa sua recomendação, Jonathan ^^

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