Como eu descobri que a leitura é um caminho sem volta

Aos sete anos, eu escrevi meu primeiro conto. Era a história de uma menina que se apaixonava por uma estrela. Minha mãe digitou e guardou com muito carinho. Naquela época, eu não me sentia mais tão à vontade só escutando as histórias contadas pelos meus pais; eu queria lê-las fluentemente e criar minhas próprias versões. Não me perguntem porquê, não tenho explicação plausível. Lembro de ter lido as histórias da coleção "Fantasia Colorida da Criança", sonhando acordada várias vezes. As gravuras estavam ali, lado a lado com as palavras, e eu me imaginava no lugar de vários personagens. Foram momentos mágicos!

Minha coleção 'Fantasia Colorida da Criança'

À medida que o tempo passava, meu interesse por outras leituras começava a despontar. Os livros escolares passaram a ser sobre clássicos brasileiros e estrangeiros, os contos de fadas deram lugar à escolas literárias e a poeira começou a acumular na estante que ainda hoje abriga meus primeiros amigos.

Neste exato momento, parada diante dessa guerreira amarela de metal, fico imaginando como sou grata por tudo o que os livros, esses parceiros fantásticos, fizeram por mim e comigo. A leitura é um caminho sem volta, isso eu nunca vou contestar. Desejo do fundo da alma que as crianças e jovens de hoje possam sentir esse prazer em toda a sua plenitude, satisfação e vontade. Em meus 25 anos de experiência, descobri que quando nos permitimos, os livros têm o poder mágico de mudar nossas vidas.

Minha estante antiga guardando os livros da minha infância

Através da leitura, aprendi a lidar com sentimentos e dúvidas, emoções, perplexidades, medos, receios, tristezas. O ato de ler, sentir os livros, folheá-los e conhecê-los passou a ser um processo de plurissignificação, onde eu posso entender a mim mesma e a sociedade que me cerca (falei bonito demais só para dizer que sou uma pessoa melhor e isso, em grande parte, devo ao que ando lendo).

A estante com os meus primeiros livros está em outro canto da casa; os mais recentes estão aqui - fiz um vídeo rápido porque o móvel ficou em um lugar pouco estratégico do meu quarto, pressionado pelo guarda-roupa, guitarra, amplificador e cama, mas não tive escolha. Tem muita coisa em um espaço pequeno. :(



Quero agradecer a cada página que me fez desenvolver a capacidade de olhar para o passado, presente e futuro de forma compreensiva, com vontade de descobrir e sentir mais, esquecendo as cobranças tão rotineiras e absurdas da atualidade.



Comentários

  1. que lindo teu depoimento, Mara. Adorei mesmo, e posso dizer que compartilho do mesmo sentimento cm relacao aos livros em minha vida =]

    bj

    ResponderExcluir
  2. Eu também sinto mesmo ao ler. Se escrevo hoje, é porque li e leio muito. Não lembro muito bem qual foi o meu primeiro livro (só comecei a me interessar de fato pela leitura aos 10 anos de idade, ou seja, 6 anos atrás), mas posso dizer que os livros que me marcaram foram os brasileiros e depois os clássicos, que amo. Dividir sua experiência é muito bom, você escreve de um jeito divino. Quem dera eu ter uma biblioteca assim!

    Beijo!

    www.escritorade1viagem.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. Mara, assim como você eu fui uma criança apaixonada pelos livros. O triste pra mim foi que diferente de você não tive a oportunidade de na época ter meus próprios livrinhos infantis. Olhei pra essa sua estante amarela e fiquei nostálgica...abarrotada de livros! Que lindo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Bem vindo(a) ao Dose Literária.
Agradecemos seu comentário e tentaremos responde-lo assim que possível ;)