Contos de fadas: Adaptações x Originais

"...e eles viveram felizes para sempre". Own, que amor! Que lindo! Se as adaptações são assim lindas, imagina os contos originais, devem ser puro açúcar. Infelizmente, não. Não mesmo. Se você não quer deixar seus sonhos infantis morrerem, pare de ler agora. Se a sua curiosidade é mais forte do que você, bem, não diga que eu não avisei.

Rapunzel


Na adaptação, Rapunzel é uma jovem com cabelo mágico, e Mamãe Gothel não é uma bruxa, apenas uma mulher comum que quer a imortalidade. Como ela consegue ficar jovem e saudável para sempre? Cantando enquanto escova os cabelos da loira. Num dia, por acaso, Rapunzel conhece Eugene, os dois saem, ela se apaixona, e após alguns pequenos problemas, ela descobre que é uma princesa perdida, se reúne com os pais, casa, ganha um castelo e muito dinheiro de bônus e eles vivem felizes para sempre.

A história original é dos irmãos Grimm. Uma mulher grávida deseja comer uma planta chamada rapunzel, só que essa planta está no terreno de uma bruxa, Gothel. Seu marido rouba um pouco para ela duas noites seguidas (e ela realmente devia ter aprendido a matar a vontade com pouco), mas na terceira ele é pego e, no desespero, troca sua filha pelo perdão de Gothel.

No seu vigésimo aniversário, Rapunzel é trancafiada em uma torre escondida sem portas e com uma única janela. Por mais que Gothel tenha se esforçado para escondê-la, um príncipe a escuta cantar (que audição, hein, colega?) e visita a torre várias vezes. 

Os dois se apaixonam e planejam a fuga. Antes que eles pudessem escapar, Rapunzel é esperta o bastante para dar com a língua nos dentes e delatar seu príncipe. Gothel corta seus cabelos e a joga na floresta para se virar sozinha. Quando o príncipe volta, a bruxa afirma que ele jamais verá Rapunzel de novo. Como ele é um cara muito racional, ele pula pela janela e fica cego cair em espinhos e furar os olhos (essa é uma das versões, em outra a Gothel o empurra).

Ele procura por Rapunzel durante meses, a encontra cantando, descobre que tem gêmeos e os dois ficam juntos novamente. OK, esse tem final feliz, se você considera furar os olhos nos espinhos ao tentar se matar um final feliz. 


O Cão e a Raposa


"Oras!" Você deve estar pensando, "Esse filme já é muito triste. Essa deve ser uma das adaptações fieis ao original". É...não.  No filme nós conhecemos dois animais que, apesar de suas diferenças, se tornam grandes amigos, e mais tarde são separados por circunstâncias da vida. Mesmo distantes, mesmo perseguindo um ao outro (graças aos humanos, yay!), a chama da amizade brilha no coração dos dois para sempre. Own.

A história original não é nem um pouco infantil, e muito menos sobre animais bonitinhos. Copper era, na verdade, um cachorro mais velho, deixado de lado pelo seu Mestre quando o Chefe, novo e hábil, apareceu. Chefe estava perseguindo Tod, porém, não tão ágil quanto a raposa, morre atropelado por um trem. O Mestre, então, treina Copper para caçar somente Tod e se vingar. 

O que acontece? O cão caça a raposa até que ela cai, morta de exaustão, o cachorro vive por mais um tempo. Até ficar doente e seu dono optar pela eutanásia. Final feliz, não?


A Pequena Sereia


Ah, o amor! Ariel sonhava em ser humana para poder ficar com o homem da sua vida, Eric. Oi? Se ela havia falado com ele? O conhecia? Sabia, pelo menos, seu sobrenome? Claro que não! Essa é a Disney, transformando romances platônicos em obsessões doentias. Contudo, voltando ao assunto, Ariel faz um acordo com Úrsula, consegue suar pernas, passa por algumas dificuldades, e finalmente tem o seu -merecido?- final feliz.

O conto original tem um início semelhante, já que a sereia não quer ser sereia, se apaixona por um humano e vai até uma bruxa para solucionar seus problemas. As semelhanças acabam aqui. A bruxa prepara uma poção que divide sua nadadeira em duas partes e as transforma em pernas, as pernas mais graciosas do planeta (!), mas, ao contrário da adaptação, isso tem alguns, erm, efeitos colaterais.

Cada passo dado por ela irá doer como se ela estivesse "caminhando sobre a lâmina de facas tão afiadas que o sangue fluirá". Cegamente apaixonada, a sereia toma a poção, conhece o príncipe que, maravilhado pela sua graciosidade, insiste que ela dance. Várias vezes seguidas. 

O príncipe não é o mais inteligente dos homens, e não percebe sua dor, que ela tenta mascarar, e nem ao menos se dá conta de que ela havia o salvado quando seu navio naufragou. Apesar disso, os dois iam se casar...até ele visitar uma outra princesa, achar que ela era a verdadeira salvadora e casar com ela. 

Acabou? Claro que não! As irmãs da sereia vendem seus cabelos para a bruxa em troca de uma adaga, e se a recém-humana conseguisse matar seu amado, teria a vida poupada e voltaria para casa. Ela o mata então? Não. 

O que acontece? Ela vira espuma do mar e precisa cumprir 300 anos de boas ações para ganhar uma alma. Se ela, voando com o vento, visitar uma criança boa, Deus tira alguns dias dos 300 anos. Se visitar uma criança ruim, ele acrescenta. Yay. 

Por hoje é só, pessoal! Espero que tenham gostado e até a próxima. 


Por: Gaby


Comentários

  1. Oie :)

    Eu simplesmente amoo O Cão e a Raposa sinceramente de todos ai é o mais especial :D

    http://euvivolendo.blogspot.com.br/ ( comenta lá :D )

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  2. AI. MEU. DEUS. Que tensa a versão original de A Pequena Sereia... Prefiro a versão Disney, AHAHAHAHAHHA.
    Eu conhecia a versão em que o príncipe da Rapunzel é jogado da torre, a professora de inglês usou como texto base de metade do semestre, chegou um momento em que havia decorado o conto... xD
    Eu não conhecia "O Cão e a Raposa", vou querer assistir :D

    Beigos,
    Maura - Blog da /mauraparvatis.

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  3. Esse conto da Rapunzel eu conhecia o original :) (e adorava o.o - olá criança macabra?!).
    Os outros estou sabendo agora. Sempre gostei de saber a fundo sobre os contos de fadas porque no fundo sempre são mais macabros e pesados do que se conta e se vê hoje em dia. Lembro que eu lia os livrinhos de uma coleção "Contos de Grimm" o nome, tinham umas ilustrações LINDAS e as histórias eram mais completas...não eram TÃO pesadas como as que tu contou no post mas com certeza não era aquela purpurina toda que a disney retrata nos filmes...
    ADOREI a matéria :P

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  4. Ah que legal esse post!!
    É impressionante como os contos nos seus originais são diferentes do que costumamos ver por aí adaptados. Geralmente são um tanto mais "pesados" do que a Disney nos passa :)
    Adorei o post!
    Abraços
    Melissa Padilha
    De Coisas por Aí

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  5. oii achei muito interessante, já havia lido alguns contos antes das adaptações, como o da Cinderella o da Branca de Neve e o dos Três Porquinhos, acho que ficará mais completo seu post com estes outros contos...
    Abraços

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