Tchau, Hercule Poirot!

Estou de viagem marcada para daqui a algumas horas e tenho que pensar rápido sobre o que falar do livro "Cai o Pano" (original Curtain, editora Saraiva de Bolso em parceria com a editora Nova Fronteira, 2011, págs. 200), mais um caso do famoso Hercule Poirot, lendário detetive criado pela escritora Agatha Christie

Hercule Poirot e seu fiel amigo capitão Hastings - versão das telinhas

Antecipo (cuidado que lá vem spoiler) que esse é o último caso de Poirot, já que as coisas irão mudar drasticamente depois que o detetive, já aposentado, e seu fiel escudeiro capitão Hastings retornam à mansão Styles, palco da primeira investigação que os dois fizeram juntos. O livro é uma espécie de revival, com flashbacks suaves sobre o primeiro caso, mas com uma roupagem completamente diferente. Iniciei a leitura um pouco receosa, já que alimento certo "trauma" das atuações do investigador belga (leia mais aqui). No entanto, para minha surpresa, Cai o Pano é intrigante, possui um assassino com prontuário psicológico interessante e, finalmente, traz à tona uma atitude decidida de Hercule Poirot.

Tudo começa com Poirot convocando o velho amigo Hastings de volta à mansão, com o intuito de prevenir mais um homicídio. O criminoso traz nas costas cinco assassinatos que aparentemente não possuem nenhuma conexão em si, e escolheu Styles para passar uma temporada. Como o detetive belga está doente, paralisado e cardíaco, o correto e honrado capitão Hastings terá que ser os olhos e ouvidos da mente brilhante de Poirot. Além de tudo, o nobre capitão enfrentará uma situação pessoal que o deixará atordoado e embaraçado, já que sua filha, uma jovem pesquisadora, também está hospedada na mansão.

Poirot e seu bigodinho (leia o livro e descubra algo sobre esse bigode)

A tradução do livro é assinada por ninguém menos que Clarice Lispector e está primorosa - como se é de esperar. Com cenas mais rápidas e interessantes, os enigmas de 'Cai o Pano' ficam mais claros e justificados, o que é um ótimo sinal. Se você prestar atenção a todos os detalhes do livro, até mesmo os mais insignificantes, vai conseguir adivinhar quem é o assassino que está assombrando a dupla de investigadores.

Pela primeira vez, senti que Agatha Christie não saiu atirando sem rumo na hora de marcar o homicida, tática que ela tem o hábito de fazer. Nessa narrativa, temos a impressão que a 'rainha do crime' sabia exatamente quem seria o culpado pelas transgressões desde o início, dando ao texto maior coerência e consistência.


Os diálogos que marcam as conversas dos personagens também são bastante intuitivos, caracterizando ainda mais a ideia de abrir as cortinas. Hercule Poirot está menos cansativo e o capitão Hastings com mais atitude, outro sinal da grande evolução que se opera na obra. Jogando mais um spoiler, o livro acena uma despedida em grande estilo. Dessa vez, eu também aceno com as duas mãos.

Comentários

  1. Gosto tanto do Poirot! Faz tempo que não leio nada da Agatha, tô precisando.

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    Respostas
    1. Ô, Tammynha, eu já não compartilho desse gosto! rs. Mas estamos aqui para isso: descobrir, aprender, compartilhar e renovar.

      :)

      Super beijo,

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  2. Tenho ele numa edição toda bonitona guardadinha ali na minha estante. Qualquer fim de semana desses pego ele e leio de uma vez só. É bom demais o embalo que Christie nos conduz por sua leitura.
    Mesmo sendo uns spoilerzinhos inocentes, gostei de saber desses detalhes, amiga!
    Beijão.

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