Quarto de Emma Donoghue

Sempre tive o costume de ir em livrarias, pegar um livro aleatório, não ler a sinopse nem nada, simplesmente abrir o livro, sentar e ler. Quando fiz isso com Quarto, um livro com uma capa bonitinha, colorida, narrado por uma criança, não esperava que a história fosse tão séria, profunda e que me chocasse tanto. 




Quarto é narrado por Jack, um menino de cinco anos que vive dentro de um cômodo dividido entre uma pequena cozinha, uma banheira, uma TV e uma cama. Aquele cômodo é o mundo para o Jack. Para ele, só o que está lá dentro faz parte do mundo real, e tudo que ele vê na TV não existe. 

Como li esse livro sem ler a sinopse, não suspeitei de nada no início. A narração é simples, sinto como se uma criança tivesse escrito mesmo, e o que eu entendo é que eles brincam muito dentro daquele quarto, o garoto é muito apegado a coisas (ele chega a dar boa noite para os objetos), e a mãe tenta alimentar a criatividade dele de todas as maneiras possíveis (dentro daquele espaço limitado).

O livro começa bem e feliz, com o aniversário de Jack. Porém, logo somos apresentados ao velho Nick. Velho Nick é o homem que aparece de noite, leva comida para eles e divide a cama com a mãe de Jack enquanto ele dorme no armário. 

Super espaçoso e confortável!

Uma semana após o aniversário, descobrimos que o velho Nick está sem emprego há seis meses, e poucos dias após essa descoberta, Jack surpreende Nick no meio da noite, o que deixa o homem revoltado. Quão revoltado? Ah, não sei, bastante, considerando que ele corta a energia elétrica do quarto durante três dias. 

A jovem mãe parece acordar do estupor em que se encontrava e decide que eles precisam fugir dali, e rápido, se quiserem continuar vivos, e, de preferência, sãos. Ela bola um plano e o coloca em prática e...

FREEDOM!

Por pouco o plano não dá errado, mas Jack consegue escapar, achar alguém que chama a polícia, e ajudar os policiais a chegarem no quarto (com muita dificuldade, claro). Que lindo! Final feliz? Não exatamente, pois os problemas continuam. O mundo de Jack era o quarto, e ele estava feliz com isso. De repente, um mundo novo aparece, ele não sabe o que fazer, a mãe está em depressão, a mídia os persegue, etc. 

O que acontece no final? Se-gre-do! OK, sei que dei muitos spoilers, mas a sinopse que li no site da Livraria Cultura, por exemplo, quase conta a história toda:

Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la. O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack. Mas ela sabe que isso não é suficiente, para nenhum dos dois. Então, ela elabora um ousado plano de fuga, que conta com a bravura de seu filho e com uma boa dose de sorte. O que ela não percebe, porém, é como está despreparada para fazer o plano funcionar.

Enfim, Quarto é um livro muito bom, com uma narrativa surpreendente e muito bem feita, uma história bem desenvolvida, e o que mais me fez gostar desse livro (apesar do tema nada leve) foi poder ver o mundo através da perspectiva do pequeno Jack. 

Espero que tenham gostado do post, que leiam o livro e, claro, deixem comentários! Por hoje é só, e até a próxima!

Por: Gaby

Comentários

  1. Gaby, assim que comecei a ler sua resenha me lembrei de uma história verídica muito semelhante passada na mídia, mas que aconteceu com dois irmãozinhos que viveram nessa mesma situação desumana e precária, que tinham somente um ao outro e sofreram todo tipo de abuso e traumas desde bebezinhos.

    Depois de mãe, convivendo com bebês e crianças por período integral, e conhecendo como funciona a cabeça inocente destes pequeninos, eu passo a entendê-los e ver com os mesmos olhos o mundo diante deles, não existe maldade, só pureza, instinto, e a personalidade moldada através daquilo que vivem e enxergam, dos exemplos dos adultos.

    Me corta ao meio ler histórias assim. Como pode o ser humano carregar tanta maldade dentro de si e sujeitar esses pobrezinhos a esse tipo de situação, sem infância digna, sem o mínimo de respeito? Indignação e tristeza. :(
    Pelo menos o final parece acalentador.

    Beijão!

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  2. Sua resenha é boa, mas vc conta muitos detalhes do livro ... ainda estou lendo e algumas coisas daqui acabaram com a surpresa, mas é um otimo livro!

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