Entre guerreiros, donzelas e romances de banca

Em qualquer banca de revista e jornal você pode encontrá-los. Geralmente, eles ficam na prateleira de revistas femininas. Na capa, a imagem de um casal apaixonado, se abraçando ou beijando ardentemente. Podem atender pelos nomes de Sabrina, Júlia, Bianca e por aí vai. Desde os meus 13 anos, eu tenho o hábito de ir à banca comprar jornal (sim, ADORO jornal impresso!), livros de bolso e, claro, os "romances de mulher". Curiosamente, o meu último romance estilo 'Sabrina & Cia' não foi encontrado entre os amontoados de revista sobre pele, cozinha e beleza, mas em uma estante da Livraria Saraiva

Créditos: Livros & Fuxicos
O Guerreiro Guardião (original Her Irish Warrior, editora Harlequin - Saraiva, 2012, pág. 288), escrito por Michelle Willingham, tem os ingredientes necessários para estar na preferência de todos aqueles que amam a 'literatura de banca'. A narrativa traz o romance improvável do guerreiro irlandês Bevan MacEgan com a bela dama normanda Genevieve de Renalt. Tudo começa com a jovem aristocrata fugindo do seu noivo, um sujeito fisicamente bonito, mas psicologicamente doente e sujo, que a agredia brutalmente. Em uma dessas fugas, Genevieve encontra os irmãos Bevan e Ewan MacEgan e ajuda-os a se libertarem de Hugh Marstowe, seu noivo e usurpador das terras que os irmãos irlandeses reivindicam. Por conta disso, Bevan decide ampará-la e auxiliá-la. Desde o começo, a atração de Bevan por Genevieve é notória e impedida (claro!) pelo passado tenebroso do guerreiro irlandês. 

O romance segue a fórmula que faz sucesso no mercado editorial e filmes hollywoodianos: amor entre casal jovem impossibilitado por circunstâncias do destino. Homem forte, gostosão e atraente, com muitas posses e cujo único objetivo é manter a fêmea segura. A mulher, por sua vez, é meiga, feminina e fraca, sempre pronta a fazer tudo por amor. Foi assim na saga Crepúsculo, com a humana Bela sempre em posição de dependência do seu amado vampiro. Mas isso é outra história, já comentada com muito humor pela Gaby.

Quem pode resistir a um guerreiro gostosão e viril, minha gente?
No livro de Michelle Willingham, o rumo dos acontecimentos não é diferente da fórmula. O suposto rancor que deveria existir entre os dois, já que irlandeses e normandos brigavam por território e defesa dos seus clãs, começa a dar lugar a um amor tímido e uma atração sexual desenfreada. Entre um beijo daqui e uma frieza dali, os dois rivais vão se transformando em um casal que precisa se livrar dos fantasmas do passado. Genevieve é bonita, sensual, disposta a ser mãe e a fazer seu marido feliz. Bevan é atraente, masculino, protetor e rico. Nada poderia ser melhor, não é?

Ah, meu guerreiro machão!
Trabalhando com estereótipos e personagens do imaginário feminino, Michelle Willingham, que cresceu entre a Tailândia, Alemanha e Inglaterra, monta essa série de romances históricos (?) conhecida como 'Os Irmãos MacEgan'. Uma irresistível família irlandesa de guerreiros machos e sensuais trazem à tona a mistura de guerras e erotismo, amor e domínio de terras, tudo bem comum à época medieval. Em "O Guerreiro Guardião", o leitor também vai poder encontrar o cenário de costumes dos dois povos, como o fato das mulheres normandas não amamentarem seus filhos e não participarem do trabalho doméstico, diferente do costume das irlandesas. O livro também mostra que enquanto na Normandia os homens deveriam ensinar suas mulheres a serem submissas e obedientes, os clãs da Irlanda priorizavam a igualdade e respeito. Tenho lá minhas dúvidas quanto a esse procedimento, já que o domínio masculino é absoluto na Idade Média, mas cabe uma pesquisa mais detalhada sobre o tema para emitir opiniões contundentes.

O romance é agradável, traz um final surpreendente e mostra que alimentar fantasmas nunca é uma boa opção, e que é preciso esquecer para viver. Fora isso, você ainda pode encontrar a suavidade de cenas sexuais com muitas preliminares, mostrando tudo o que uma mulher procura em um homem (mesmo que seja apenas ideal) e que um homem procura em uma mulher (idealizada, claro). 


Plus:

Acesse o site da autora e descubra que outras séries de leite e açúcar queimado podem estar esperando por você, além de conferir fotos de paisagens lindíssimas!

Recomendo enfaticamente que você dê uma lida no livro ao som da música 'The Highwayman', de Loreena McKennitt, uma narrativa trágica que faz meu coração oscilar entre a beleza e a tristeza toda vez que a escuto. 


Comentários

  1. haha, eu pensava que era uma das poucas a gostar dos romances melosos de banca e assumisse isso... kkkkkkkkkk muita gente já leu, gosta, mas tem vergonha só pra dizer que lê apenas clássicos. Pura besteira... tenho vários em casa, esse parece ser bom... meus preferidos são os clássicos históricos...
    as cenas mais quentes são melhores do que a trilogia 50 tons ahahah

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    1. Pois é, Maria Valéria! Também já escutei muitos comentários mesquinhos a respeito desse tipo de literatura. Nem ligo! rs. Eu simplesmente adoro!

      Até hoje não fiz coleção, pois tenho o hábito de emprestar, trocar e dar. rs. Assim fica difícil, né? Hahahaha!

      Super beijo,

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    2. Val eu aprendi a gostar de livros graças a esses romances de banca,minha mãe tem uma coleção até hoje! e sempre que eu via ela lendo ficava morrendo de curiosidade de ler também,afinal ela ria,suspirava,e até chorava! Daí comecei a ler escondido,pq ela só deixava eu ler livros de criança hahahah dai quando fui ficando adolescente ela me deixou ler,mas eu já tinha devorado todos! kkkkkkkk até hoje eu tenho vários aqui que comprei depois e uns que eram dela e eu peguei pra mim :p o que mais me marcou foi o primeiro Sabrina que eu li,se chama Gigante Loiro, ♥ Amo os Clássicos históricos também e os momentos íntimos,claro :p

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  2. Sempre tive curiosidade, juro pra vc, mas até hoje não li nenhum romance de banca. E não é por preconceito não, por medo de gostar, talvez. rsrsrsrss
    Depois desse texto e dessa foto, comprarei para matar a curiosidade, já vi livros desse gênero em sebos por 1,00 real! Agora não tem mais desculpa! rsrs

    Adorei seu tom bem humorado de quem entende do assunto. :)

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    1. Eni, diante dessa confissão, já sei que outras opções de presente posso te mandar. Há! :o)

      Eu queria muito que minha cidade tivesse UM SEBO de livros, pelo menos. Mas até agora nada. Quem dera comprar livros por 1 pila.

      E, puxa, seus elogios são sempre um poço de comoção pra mim. <3

      Muito amor,

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  3. Por isso - e tantas mais razões - porque gosto desse blog: é democrático no melhor sentido da palavra :)

    Claire.

    P.S. Existem alguns títulos de banca muito bons, é questão de procurar. Mas tem!
    C.

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  4. AMO>>> Os Irmãos MacEgan', já li todos mas meu preferido e Rei Guerreiro *--*

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