Antologia Poética – Olavo Bilac [7 livros em 7 dias]

L&PM Pocket - 96 páginas
Ficção brasileira - Poesias
Olavo Bilac (1865-1918) foi um jornalista, orador e importante poeta da escola parnasianista, carioca, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Aos 15 anos ingressa na Faculdade de Medicina e cursa até o quinto ano, passa a Direito, mas não termina nenhum curso superior, tinha mais o que fazer. E fazia: escrevia e vivia sem parar, em rodas boêmias, literaturas, amores.
Cria sonetos, poemas épicos, domina a prosa com maestria e era o maior crítico de si mesmo.

Neste volume de 96 páginas, lançado pela L&PM Pocket pela primeira vez em 1997 e organizado por Paulo Hecker Filho, somos agraciados com 33 das suas mais memoráveis e importantes poesias, dentre elas 7 poesias infantis.
Nesta “Antologia Poética” é possível analisar todo o seu dom com rimas, expressões e de domínio completo da língua portuguesa e da palavra, escrita ou falada. Sua poesia não se aprofunda em uma visão de vida, ela prega a benevolência e o dever de ser patriota, instruído, trabalhador, e de amar - tanto a si mesmo quanto ao próximo. Sua poesia soa musical aos ouvidos quando falada e se torna um ode a Língua Portuguesa conforme é absorvida pela alma através dos olhos, de rico vocabulário e sentimentos postos em rimas.
Minha seleção das poesias contidas nessa obra:

VII
Não têm faltado bocas de serpentes,
(Dessas que amam falar de todo o mundo,
E a todo o mundo ferem, maldizentes)
Que digam: “Mata o teu amor profundo!

Abafa-o, que teus passos imprudentes
Te vão levando a um pélago sem fundo...
Vais te perder!” E, arreganhando os dentes,
Movem para o teu lado o olhar imundo:

“Se ela é tão pobre, se não tem beleza,
Irás deixar a glória desprezada
E os prazeres perdidos por tão pouco?

Pensa mais no futuro e na riqueza!”
E eu penso que afinal... Não penso nada:
Penso apenas que te amo como um louco!
Pág. 22

XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Pág. 28

As velhas árvores
Olha estas velhas árvores, - mais belas,
Do que as árvores moças, mais amigas,
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E alegria das aves tagarelas...

Não choremos jamais a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem,

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
Pág. 78 


Olavo Bilac (1865-1918)
Desde que li pela primeira vez uma poesia, sou apaixonada pela linguagem, de possuir cadernos e mais cadernos repletos delas, e de me arriscar na composição de alguns (pobres) versos que inclusive já foram premiados e publicados em época de escola. Mas que falha minha até hoje não ter conhecido Olavo Bilac! Creio ser devido a esse ímpeto que possui quem lê muita literatura estrangeira, desprezar ou até menosprezar os nossos maiores nomes da literatura brasileira pelos traumas que carregamos lá da adolescência na época do ensino médio, em que “detestávamos” ler livros simplesmente porque não os entendíamos.

Este livro esteve no meu auto-desafio: 7 livros em 7 dias e o foi o quinto da lista, o posterior foi “Os Gatos” de Patricia Highsmith.
O sétimo e último livro do auto-desafio terá resenha do próximo post “Entendendo Jung: Um Guia Ilustrado” e já adianto, foi o melhor livro que li dentre os 7!

Até a próxima.

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