Homenagem: Dia do Escritor - 25/07

No dia 25 de julho de 1960, após a realização do primeiro Festival do Escritor Brasileiro, promovido pela União Brasileira de Escritores – tendo João Peregrino Júnior na presidência, e Jorge Amado, como vice-presidente - foi criado o Dia do Escritor.

Escrever pode ser um ofício, um passatempo, uma forma de desabafo, uma manifestação artística. A escrita tem várias funções dentro da linguagem e o verdadeiro escritor é aquele que sabe utilizar-se de cada uma destas funções para atingir seu objetivo, seja ele informar ou encantar quem o lê.
Antes do século VI a.C., as grandes narrativas eram passadas oralmente. Desde a invenção da escrita, essas histórias puderam ser repassadas e permanecer na história em sua forma inicial, já que o discurso oral sempre apresentava variações (basta lembrar do ditado: "quem conta um conto aumenta um ponto"). Assim, temos registros de grandes escritores da Antiguidade, da Idade Média, do Renascimento... e graças a eles temos escritos históricos de épocas remotas; ficções de fadas e dragões medievais; mitos e lendas antigos; tratados de medicina e alquimia; compêndios de estudos das mais diversas áreas.

Neste dia celebramos a existência e as obras daqueles que por diversas vezes nos fizeram conhecer mundos e culturas diferentes, países, lugares e vidas que nos transportaram ao além-páginas, em linhas escritas, sentimentos compartilhados, experiências vividas, relatos narrados e em cada sonho exposto.
Escritores estes que contribuíram para a ascensão da nossa cultura mundial, sejam eles clássicos ou contemporâneos, romancistas, cronistas, poetas, jornalistas, professores, anônimos ou mundialmente famosos.
Ideias, histórias e pensamentos compartilhados por mentes tão brilhantes e dignas de homenagem em um dia tão especial, que resolvi listar os meus escritores preferidos e o porquê de serem tão especiais para mim.

Charles Baudelaire (1821-1867) França
Conheci-o através do “As Flores do Mal” livro de poesias escrito em 1857. Este primeiro contato não só me impressionou pela qualidade de sua composição artística, mas pelos temas tão profundos peculiares de sua personalidade indubitavelmente romântica e sombria, lendo este livro pude conhecer a essência de sua alma e me identificar, e com isso já se tornou um dos meus preferidos. O seguinte foi “Paraísos Artificiais” em que o escritor descreve algumas de suas experiências com o ópio, vinho e haxixe, conclusões pessoais e de estudos magistralmente expostos e narrados nesta obra. E o terceiro “O Poema do Haxixe”, que complementa o “Paraísos”.

Álvares de Azevedo (1831-1852) Brasil
Falar dele é como falar de um grande amor da adolescência que jamais será esquecido. Quando li “Lira dos Vinte Anos” pela primeira vez me deparei com um espírito criativo, romântico, detentor de sensibilidade e genialidade incríveis, em uma mente tão jovem e inquieta. Com este escritor dividi e descobri sentimentos que eu até então desconhecia em meu ser. Sua maneira de expôr seus mais profundos sentimentos e pensamentos, me tornou compadecida de seus pesares e o vi como o amigo confidente dos mesmos males que sofríamos. “Noite na Taverna” veio logo em seguida e a partir deste passei a admirá-lo como o grandioso contista e dramaturgo que era. “Macário” veio então para estreitar esse laço de amor.

Charles Bukowski (1920-1994) Estados Unidos
Se hoje me tornei uma leitora assídua devo isso à Bukowski. Através de “Numa Fria”, primeiro dos 16 livros do escritor que li, conheci um amigo de boteco, daqueles que a gente senta pra tomar umas e conversar sem desejar que o tempo passe, nem que a noite “desbote” ou que ambos tenhamos que voltar para casa curar uma possível ressaca. E foi nesse ritmo que sempre li Bukowski, de uma madrugada para a manhã, de um dia para o outro, só parava de ler quando terminava o livro, e eu sempre me certificava de que havia um próximo dele a ser lido para que o “papo” nunca tivesse fim. Alimento um amor tão grande pela alma deste ser, que não encontro outro substantivo para defini-lo a não ser Amigo, com A maiúsculo mesmo. Me fez companhia em horas boas e outras atormentadas, me fez desligar de minha realidade de épocas sofridas para me transportar para o seu mundo penoso, e com ele aprendi e MUITO, que se a vida está difícil, uma boa reflexão sobre ela nos ensina a rir de cada situação, seja embaraçosa, vergonhosa, dramática ou cotidiana, e que cada experiência é um aprendizado. Buk está no topo da minha lista de escritores preferidos e sempre estará. Tenho seu epitáfio tingido na pele eternizando em mim todas as suas memórias, e seu primeiro nome Henry, é o nome composto do meu rebento, dado em homenagem.

Rubem Fonseca (1925) Brasil
Recomendado por um amigo, iniciei a leitura de “Ela, e Outras Mulheres” e por sua narrativa me encantei de imediato. A partir da forma com que descreve as diversas situações do cotidiano e a linguagem contemporânea que ele utiliza em seus diversos contos e romances, rolou uma identificação ímpar. Queria ser como o Rubão quando eu crescesse, não somente pela sua criatividade e magnificência como contista, mas pelo ser que ele é, que detesta os holofotes da fama literária e escreve por prazer, não por dinheiro. Depois da primeira leitura vieram “Lúcia McCartney”, “Buffo & Spallanzani”, “A Coleira do Cão” e “Feliz Ano Novo”, que foram lidos com desejo-de-não-ter-fim, firmando em mim não só a admiração como fã, mas fortalecendo um amor acrescido de enorme respeito por sua vida e seus trabalhos. Rubão é mais reconhecido e requisitado lá fora que aqui no Brasil, e com muita justiça.

Anaïs Nin (1903-1977) França
Não é a toa que Nin está nesta lista. Digna de todo meu apreço e homenagens, ela foi de extrema importância em minha formação como leitora e em minha vida pessoal. Através de “Delta de Vênus” conheci a natureza da alma feminina na literatura, e esse primeiro contato me rendeu não somente admiração e fome de conhecimento, mas de uma condolência pelas inquietudes da alma da mulher e uma identificação por sua mente transcendente. Nin foi percursora de ideias e de gênero literário, e possui não somente o dom da escrita como contista e romancista, mas de mulher defensora de sua liberdade sexual e de suas ideias de análise comportamental. Se hoje os estudos de psicanálise muito me encantam a ponto de querer me graduar e trabalhar com isso, devo boa parte desse incentivo à esta escritora. “Pequenos Pássaros” e “Uma Espiã na Casa do Amor” foram lidos por uma amiga aqui que ama Anaïs Nin em sua essência.

J. R. R. Tolkien, Marquês de Sade, Vladmir Nabokov, Florbela Espanca, John Fante, Henry Miller, Willian Blake, H. P. Lovecraft, Edgar Allan Poe, Arthur Rimbaud, Stephen King, Jack Kerouac, Honoré de Balzac, Goethe, Hunter S. Thompson, Chuck Palahniuk, Gabriel García Màrquez, George R. R. Martin, H. D. Thoreau, Sigmund Freud, George Orwell, Ernest Hemingway, Mario Vargas Llosa, Bram Stoker, Aldous Huxley, Charles Dickens, Tchékhov, Fernando Pessoa, Gogól, Machado de Assis, Franz Kafka, Emily Brontë e F. Nietzsche são outros que me proporcionaram horas agradabilíssimas de entretenimento, conhecimento, trocas, confidências, fantasias, risadas, lágrimas e um montante de outros sentimentos e descobertas que eu não poderia deixar de citar, especialmente hoje.

Tenho inúmeros ainda para ler, conhecer, admirar e respeitar, mas de certeza que esses ícones e mestres citados acima nunca perderão seu espaço em minha cabeceira e em meu coração.

Parabéns cambada! Aos que já partiram e aos que ainda nos dão a graça de sua existência em nosso planeta, minhas mais exímias e sinceras congratulações por seus trabalhos e suas preciosas contribuições para a nossa literatura, e à minha vida!

E vocês, leitores, já listaram os seus escritores preferidos, dignos de uma homenagem neste dia?

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