Etílicas inspirações; ébrios escritores (Parte III)

Acompanhe a Parte I e a Parte II deste especial "Gênios bêbados".


William Faulkner (1897 – 1962): Ganhador de diversos prêmios como o Nobel de Literatura e o Pulitzer, Faulker é considerado um dos grandes escritores americanos por sua técnica literária de fluxo de consciência, em que se transcreve o processo de pensamento integral de um personagem, mas o aditivo que agregava para que as ideias e argumentações fluíssem, estava no álcool. Em 1950 chegou a fazer um lobby pesado para que a cidade de Oxford liberasse o consumo de álcool, na época proibido, e a ocupação preferida de Faulkner era refugiar-se em seu sítio para caçar e beber. Não gostava da fama e de lugares badalados pelas rodas literárias, era tímido, mas um beberrão convicto, do tipo que faltava ao trabalho devido a ressaca e tinha brigas homéricas com a esposa, faleceu de complicações cardíacas. Entre as bebidas favoritas de William Faulkner estava o Mint Julep, uma mistura nada inocente de uísque e cerveja.
Willian Faulkner
Rubem Fonseca (1925): Assim como um bom descendente de portugueses, além de torcedor do Vasco da Gama, Rubão também já apreciou muitos vinhos e charutos durante a vida. Escreve contos e histórias do cotidiano, utiliza uma linguagem própria de máxima absorção pelo leitor, e muitas de suas experiências vividas enquanto comissário de polícia são relatadas através de seus personagens. Apesar de não ter sido um homem de muitos exageros, Rubem Fonseca foi obrigado a largar o hábito de beber vinhos e apreciar seus charutos devido a sua saúde, recentemente teve uma doença não diagnosticada que o tornou alérgico ao álcool, atualmente está com 87 anos.
Rubem Fonseca
Allen Ginsberg (1926 – 1997): Outro grande poeta e escritor da geração beat, Ginsberg foi amigo e também companheiro de boteco de Jack Kerouac, e Willian S. Burroughs que com ele fez diversas andanças e experiências por bares gays. Homossexual, apreciador e consumidor de drogas e álcool, assumiu um estilo de vida bizarro, consumindo drogas deliberadamente e devido aos excessos chegou a fazer tratamento psiquiátrico. Se lançou na cena hippie nos 60, e ajudou a difundir os efeitos e causas do psicodélico LSD, se auto-denominando “guru” da geração jovem. Teve amigos com Jim Morrison, a banda The Clash, Bob Dylan, dentre outros da cultura underground dos ano 60-70-80. Morreu de câncer no fígado aos 60 anos.
Allen Ginsberg

Charles Baudelaire (1821 – 1867): Foi expulso do colégio e começou a beber cedo, quando aos 19 anos seu padrasto o manda à Índia, preocupado com a vida desregrada do enteado, mas o poeta nunca chegou a seu destino e abandonou o navio para viver na boemia. Por dois anos vive entre drogas e álcool com o dinheiro da pensão que recebia do pai falecido, até sua mãe entrar na justiça, acusando-o de pródigo, e então sua fortuna torna-se controlada por um notário. Chegou a fazer parte do “Clube do Haxixe”, onde conheceu diversos poetas, artistas, pintores, e a partir desta experiência escreveu “Paraísos Artificiais” uma das grandes obras do autor, que fala sobre as maravilhas e os infernos que o vinho, o haxixe e ópio proporcionam ao seu usuário. Baudelaire faleceu de sífilis aos 46 anos.
Charles Baudelaire
Oscar Wilde (1854 – 1900): Wilde era, o que nos tempos atuais chamamos de um “safadinho”. Aos 24 anos já escrevia e começou a ser reconhecido por seus poemas, ganhou prêmios por seus trabalhos e devido a fama, muda-se para Londres, aonde começa a ter uma vida social deveras agitada que foi logo caracterizada pelas suas atitudes extravagantes. Torna-se famoso no mundo literário aos 40 anos, mas devido a sua vida bastante mundana regada a muito álcool e seus hábitos cada vez mais excêntricos, após três julgamentos, o escritor foi condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, por "cometer atos imorais com diversos rapazes”, um bafão na época, pois Wilde era casado e tinha duas filhas. Oscar Wilde morreu de um violento ataque de meningite (agravado pelo álcool e pela sífilis) aos 46 anos de idade. Sua bebida preferida era o absinto!
Oscar Wilde
John Fante (1909 – 1983): O escritor é considerado um deus da geração beat e um dos melhores escritores americanos. Viveu boa parte da vida na Califórnia nos anos de ouro do cinema e da literatura, aonde pipocavam artistas nas ruas, constantemente se trombava com um escritor, pintor, cantor ou ator pelos bares mais conhecidos, e se na época você fosse ao Musso & Frank (mais antigo bar de Hollywood), na certa encontraria Fante tomando umas por lá. Quando trabalhou como roteirista de cinema passou a ganhar gordos cheques que gastava nas noitadas de bebedeiras, pôquer e carros usados. Mas Fante nem sempre teve uma vida glamourosa de artista, enquanto escrevia seu romance de maior sucesso, passou fome, vivia solitário, e muitas vezes tinha somente como companhia uma garrafa de bebida. Seu filho Dan (que também é escritor), diz que o pai tinha um péssimo humor quando estava alcoolizado, mas apesar de tudo, era um gênio, uma pessoa “mágica” de se conviver. Em 1955 Fante descobriu-se com diabetes, e 23 anos depois fica cego devido a doença, faleceu aos 78.
John Fante
Henry Miller (1891 – 1980): Nasceu em Nova Iorque, mas foi aos 37 anos quando mudou-se para Paris que Miller passou a escrever seu primeiro romance, na época passando por situações precárias devido a falta de dinheiro, tinha o álcool como aliado na composição de sua obra prima, financiado pela escritora que viria a se tornar sua amante e amiga, Anaïs Nin. Seus livros foram considerados imorais, pornográfico e chegaram a ser banidos em diversos países pois tinham um conteúdo altamente erótico, porém, sem banalidades, tinham um certo cunho filosófico e reflexivo. Miller viveu com muitas mulheres e teve várias experiências sexuais e alcoólicas na artística Paris dos anos 30. Morreu dormindo aos 89 anos em Los Angeles, considerado pelos jovens hippies e setentista como “Guru do Sexo”, título que Miller detestava.
Henry Miller
Se você está se perguntando se vai acabar por aqui, acredite, essa lista parece nunca ter fim! Alguns nomes como Arthur Rimbaud, Paulo Leminski e Anthony Burgess ficaram para a Parte VI, aguarde.

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