No último domingo
(19), uma parte do nosso clube se reuniu entre docinhos, balões e
bolo de aniversário para mais um debate sobre o livro em pauta.
Escolhi uma obra conhecida da literatura brasileira, de um dos
escritores que particularmente considero o exponencial do estilo, Rubem Fonseca. Esta foi a 4ª obra que li dele:
Feliz Ano Novo (1989 –
Companhia das Letras) é uma das obras mais conhecidas e comentadas
do escritor, composta por 15 contos que vão do absurdo ao cotidiano,
do impressionante ao inexorável; o primeiro conto que leva o nome
do título do livro mostra já de cara a realidade de três marginais
em busca de comida para o seu reveillon, de armas em punho escolhem
aleatoriamente uma residência de “bacanas” para cometer o roubo
e causar diversas sensações no leitor, ora enxerguei a situação com os olhares dos
bandidos, ora com os das vítimas, e isso me fez refletir sobre
ambas as classes sociais e a diferença dos valores morais e materiais de cada uma
delas. Alguns dos contos me deixaram apática como Abril, no Rio,
em 1970 e Botando pra quebrar, e outros, extremamente apreensiva como
Passeio noturno (Parte I) e Passeio noturno (Parte II).
Corações solitários,
Agruras de um jovem escritor, Nau Catrineta e Intestino grosso eu
gostei pelas histórias em si, pela forma narrada e pelas sensações
que me causaram.
Mandrake, o detetive já
conhecido pelos leitores de Rubão, protagoniza o conto Dia dos
namorados.
Mas os meus contos
preferidos foram O outro (executivo que é perseguido por um pedinte
de esmolas), O pedido (um português visita seu antigo amigo depois
de muitos anos para pedir humildemente um dinheiro emprestado),
Entrevista (diálogo simples entre um homem e uma mulher) e 74
Degraus (dividido em 74 "instantes" que marcam os
assassinatos de dois homens, articulados por duas mulheres), acho que por serem as histórias mais "comuns", mas nem por isso deixam de ser tocantes.
O Campeonato foi
reflexivo, este em questão era o “Campeonato de Conjunção
Carnal” e um trecho: "O amor está acabando, porque o amor só
existe por sermos animais de sangue quente. E hoje estamos
representando o último poético circo da alegria de [ter relações
sexuais], que tenta opor as vibrações do corpo à ordem e ao
progresso, aos coadjuvantes psicoquímicos e aos eletrodomésticos. A
vocação do ser humano é ser humano. (...)"
Li este livro em um só dia, e já estou ansiosa para ler uma próxima obra de Fonseca.
Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1975 e imediatamente proibida pela censura na época do regimento militar, e não é a toa. Rubem Fonseca tem seu estilo peculiar de narrar, é genial, simples, e impressionável. Não poupa palavrões, usa um estilo libertário de literatura, praticamente o percursor do estilo de escrita livre e direta no Brasil, sem maiores firulas e sem termos literários dignos de uma busca no dicionário. Sou fã, do escritor, das obras, da pessoa que é Rubem Fonseca!
Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1975 e imediatamente proibida pela censura na época do regimento militar, e não é a toa. Rubem Fonseca tem seu estilo peculiar de narrar, é genial, simples, e impressionável. Não poupa palavrões, usa um estilo libertário de literatura, praticamente o percursor do estilo de escrita livre e direta no Brasil, sem maiores firulas e sem termos literários dignos de uma busca no dicionário. Sou fã, do escritor, das obras, da pessoa que é Rubem Fonseca!
Ótimo texto, Eni
ResponderExcluirDepois vou escrever com calma as minhas impressões sobre esse livro!
Beijos
mais um desse autor que vai pra minha lista...
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