Conheci Fernando
Pessoa, há muitos, muitos anos atrás quando minha mãe ainda era
vendedora de livros e esporadicamente eu folheava algumas das
coleções de clássicos que ela tinha em estoque. Eu que sempre fui
apaixonada por poesia, prosa e versos me encantei instantaneamente
por suas obras mais melancólicas.
Recentemente reli “Antologia Poética”, e desta vez com mais madureza, pude compreender melhor seu estilo, com todo o seu gênio, seu mau-humor, seu ceticismo, sua genialidade e seus outros “eu's”.
Fernando Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa e faleceu aos 47 anos de idade em 28 de novembro de 1935 em sua cidade natal, com a sua saúde enfraquecida pelo vício de beber.
Recentemente reli “Antologia Poética”, e desta vez com mais madureza, pude compreender melhor seu estilo, com todo o seu gênio, seu mau-humor, seu ceticismo, sua genialidade e seus outros “eu's”.
Relendo aqui alguns
trechos enquanto escrevo esse Ode à Pessoa, não contenho o riso, se
antes eu gostava, agora sou apaixonada por este lisboeta. Poemas de
Álvaro de Campos (seu heterônimo) como “Lisbon Revisited (1923)”,
“Todas as cartas de amor são ridículas...”, “Poema em linha
reta” e “Dobrada à moda do Porto”, foram alguns de seus poemas
que mais me encantaram, justamente por ter esse quê mau-humorado e
bêbado. Se Bukowski fosse português e vivesse por volta de 1900 em
Lisboa, seria um grande amigo de boteco de Fernando Pessoa, tenho
certeza!
Um trechinho de
“Tabacaria”:
Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Obra poética
A obra poética de
Fernando Pessoa coloca-o, indiscutivelmente, entre os maiores poetas
da literatura em língua portuguesa.
Escreveu muito, durante
sua vida toda, mas ao morrer tinha apenas um livro publicado –
Mensagem, no qual recriou liricamente a história de Portugal,
projetando uma aspiração pela glória nacional futura de base
sebastianista.
Em jornais e revistas,
deixou alguns textos de crítica literária e uns poucos poemas em
inglês. O restante de sua obra só veio a público postumamente.
Homem culto, de
incrível curiosidade intelectual, Fernando Pessoa desdobrou-se em
vários heterônimos, dos quais os mais significativos são Álvaro
de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caieiro.
Cumpre destacar aqui a
diferença conceitual que há entre pseudônimo e heterônimo.
Pseudônimo é apenas um nome falso, inventado por alguém para ser
usado no lugar do seu nome verdadeiro. Heterônimo, porém, tem outro
sentido. Significa um nome imaginário que um escritor usa para
assinar certas obras como se fosse outro escritor, pois expressa uma
visão de mundo e um estilo totalmente particular, tratando-se
realmente de outra personalidade literária.
Para cada um dos seus
heterônimos, Fernando Pessoa criou não só uma forma de expressão
e uma visão de mundo particulares como escreveu até uma “biografia”
de cada um deles;
Alberto Caieiro
representa o poeta que busca o campo e a vida ingênua e simples,
despojada de inquietações intelectuais e religiosas. Seu olhar é o
olhar de quem vê o mundo pela primeira vez, sem metafísica nem
religião.
Ricardo Reis é o poeta
pagão, uma espécie de reencarnação dos antigos poetas gregos e
romanos que, diante da brevidade da vida e da indiferença dos
deuses, pregava o gozo sereno dos prazeres da existência, sem
aflição ou angústia.
Álvaro Campos é o
poeta do século XX, maquinizado, urbano, angustiado e descrente,
perdido nas contradições do seu agitado mundo interior.
Existem ainda os poemas
que se pode dizer que são de Fernando Pessoa “ele-mesmo" nos quais
encontramos o poeta da saudade e da melancolia, que retoma formas
tradicionais do lirismo português. Mas esse lirismo é sempre
contido e marcado por uma nota de inquietação existêncial.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão
completamente
Que chega a fingir que
é dor
A dor que deveras
sente.
E os que leem o que
escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele
teve,
Mas só a que eles não
tem.
E assim nas calhas de
roda
Gira, a entreter a
razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa e faleceu aos 47 anos de idade em 28 de novembro de 1935 em sua cidade natal, com a sua saúde enfraquecida pelo vício de beber.
Fernando Pessoa é meu "guru espiritual". Tem como não amar este homem? rs rs.
ResponderExcluirNa escola eu decorei o Autopsicografia e até hoje ainda consigo recitá-lo de cabeça. :)
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